De acordo com a Polícia Federal, nove deputados estatuais de Alagoas estão envolvidos com o esquema que alterava a folha de servidores da Assembléia Legislativa do Estado, para desviar recursos oriundos do duodécimo daquele poder. Conforme informações da Polícia Federal, os deputados, assessores e outros políticos teriam desviado cerca de R$ 200 milhões.
Ao todo, a Polícia Federal cumpriu 80 mandados de busca e apreensão e pretende, até o final da tarde de hoje, cumprir 40 mandados de prisão. Nenhum dos deputados estaduais teve os mandados de prisão decretados porque a Constituição do Estado de Alagoa só permite que eles sejam presos em flagrante delito. No entanto, dos nove envolvidos, um foi preso por porte-ilegal de arma: o deputado estadual Cícero Ferro (PMN).
Além dele, mais oito deputados são apontados como integrantes da suposta rede criminosa, mas eles não tiveram os nomes revelados pela Polícia Federal. A cúpula da PF – que concedeu coletiva agora há pouco – confirmou ainda – dentro das 40 prisões – a detenção dos ex-deputados Celso Luiz (PMN) – que já presidiu a Assembléia Legislativa – e Gilberto Gonçalves (Democratas). Todos os preso se encontram na carceragem da Polícia Federal. No caso de Ferro – preso pelo porte-ilegal – ele ficará a disposição da Justiça.
Os mandados prevêem prisões temporárias de cinco dias. Mas, novamente a prisão de Ferro é inafiançável, conforme delegado Jandelier Gomes. Eles ficarão detidos até que seja emitido habeas corpus. Outro que foi preso por porte-ilegal de arma é o ex-governador Manoel Gomes de Barros, o Mano. No entanto, não há a confirmação dele estar envolvido na rede criminosa.
O que a Polícia Federal confirma é que foi encontrada na fazenda do ex-governador uma metralhadora que pertence à Polícia Militar de Alagoas. “A PM vai ter que se explicar sobre o fato desta arma estar lá”, colocou o superintendente da Polícia Federal, José Pinto Luna. Um balanço geral sobre a Operação Taturana deve ser emitido – em nota oficial – na tarde de hoje. Durante a coletiva, o superintendente destacou que não poderia passar detalhes da operação, porque esta ainda estava em andamento.
Fora do Estado
A Operação Taturana realizou ainda buscas e prisões fora do Estado de Alagoas. Foram presos Rafael Albuquerque, Roberto Menezes e Marcelo Martins e o coronel da Polícia Militar de Alagoas, coronel Assírio, que era chefe militar do Poder Legislativo. Conforme informações da PF, eles foram presos em São Paulo. Luna destacou ainda que um agente federal teve o mandado de prisão decretado e deve ser recolhido à carceragem a qualquer momento. Motivo: ele é acusado de ter dado informações privilegiadas ao grupo criminoso que era supostamente comandado pelos nove deputados estaduais.
A operação foi comandada pelo delegado Jandelier Gomes de Lima. Ele é delegado lotado na Polícia Federal de Alagoas, mas esteve afastado para dar continuidade às investigações. “Ele teve que sair do Estado para que a operação tivesse sucesso”, destacou o superintendente Luna.
As investigações se dão desde 2001 e foram aprofundadas até os dias atuais. De acordo com a Polícia Federal, os deputados fraudavam a folha de servidores da Assembléia Legislativa para tentar enganar a Receita Federal. A Declaração de Imposto de Renda na Fonte era adulterada. Por conta disto, conforme o representante da Receita Federal, Valmar Fonseca, às restituições dos funcionários do Poder Legislativo serão suspensas até o fim das investigações.
Os deputados e os demais presos serão processados em diversos crimes, como sonegação fiscal, formação de quadrilha, entre outros que podem surgir – segundo o delegado Jandelier Gomes – durante as investigações.
Armas apreendidas
Foram apreendidas, nas residências de Antônio Albuquerque, Cícero Ferro, Celso Luiz e Manoel Gomes de Barros armamento restrito e até mesmo armas com numerações raspadas. Entre elas, um revólver calibre 357 e uma metralhadora. “Ninguém está acima da lei”, colocou o superintendente Luna.
As prisões foram decretadas pela desembargadora Amanda Lucena do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com base na investigação da PF, que contou ainda com apoio da Procuradoria da República e Receita Federal. Os bens móveis dos envolvidos e carros também foram apreendidos pela Polícia Federal. O objetivo, segundo delegado Jandelier Gomes, é tentar ressarcir o erário.
A operação contou com 370 policiais, inclusive com efetivo de outros Estados, como Rio Grande do Norte, Piauí e Goiás.