Impulsionada pelo crescimento da economia e da massa de salários, a tradicional caderneta de poupança vem batendo todos os recordes no ano de 2007.
Segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (7) pelo Banco Central, R$ 24,2 bilhões ingressaram de forma líquida (depósitos menos retiradas) na poupança de janeiro a novembro deste ano.
O volume é quase quatro vezes mais do que a entrada líquida de recursos de todo o ano de 2006 (R$ 6,47 bilhões). No período de janeiro a novembro do ano passado, o saldo estava negativo (mais retiradas do que captações) em R$ 960 milhões. Para dezembro deste ano, a expectativa de analistas é que a captação seja boa devido ao pagamento do 13o. salário.
Segundo o BC, o ingresso de janeiro a novembro deste ano representa recorde absoluto da série histórica, que tem início em 1995. O recorde anterior havia sido registrado em 1997, com R$ 13,1 bilhões de entrada de recursos na poupança. Deste modo, a entrada de janeiro a novembro deste ano é quase o dobro do recorde anterior.
O ano de 2007 é marcado também por outro fenômeno positivo. É a primeira vez, desde o início da série histórica, em 1995, que os depósitos em caderneta superaram as retiradas, resultando em saldo positivo, em todos os meses do ano.
Somente em novembro, informou a instituição, entraram R$ 2,7 bilhões na poupança, resultado de depósitos de R$ 89,7 bilhões e retiradas de R$ 87 bilhões. O maior ingresso de 2007 foi registrado em setembro, com saldo positivo de R$ 4,1 bilhões. No fim de novembro, o volume total de recursos aplicados na poupança estava em R$ 224,9 bilhões.
Motivos
O processo de corte de juros iniciado em setembro de 2005 pelo Banco Central vem contribuindo para intensificar os investimentos em caderneta de poupança desde meados de 2006.
Com juros em queda, a remuneração obtida pela poupança ficou próxima do rendimento pago pelos fundos de investimento em renda fixa dos bancos, porque, na poupança, não há imposto de renda nem taxa de administração. Nessa modalidade, há ainda a vantagem de o aplicador poder retirar os recursos a qualquer momento.
As aplicações em caderneta de poupança estão divididas em duas modalidades: Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e, também, a chamada poupança rural.
No caso do SBPE, 65% dos recursos devem ser destinados a empréstimos imobiliários e, na poupança rural, os recursos são canalizados para o desenvolvimento da agricultura. Em novembro, por exemplo, R$ 2,4 bilhões entraram na poupança por meio do SBPE e, no acumulado dos onze primeiros meses deste ano, R$ 18,3 bilhões.
A Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) confirmou que, até outubro deste ano, o volume de operações de crédito imobiliário, com base em recursos da caderneta de poupança, chegou a R$ 14,2 bilhões. Em doze meses até outubro, o volume chega a R$ 15,9 bilhões, com crescimento de 81% frente ao mesmo período anterior.
A expectativa da Abecip é positiva para o fim deste ano. "As perspectivas para o último bimestre são favoráveis, sobretudo no tocante à captação. Sazonalmente, parte do 13º salário é depositada em caderneta de poupança, como provisão para as despesas das famílias com educação e férias, nos meses de janeiro e fevereiro", avaliou, em sua página na internet.