Desespero: pedreiro ameaça ex-patrão por não pagar direitos trabalhistas

Sionelly Leite/Alagoas24horasFamiliares defendem Antônio e aguardam uma solução para o caso

Familiares defendem Antônio e aguardam uma solução para o caso

As relações de trabalho sempre geraram conflitos, que na maioria das vezes precisam ser resolvidos com a intermediação das autoridades. Contudo, na manhã de hoje, a consciência de toda uma existência de exploração, falta de oportunidades e exclusão social resultou num ato impensado.

O pedreiro Antonio Cícero dos Santos – que acha ter 36 anos – analfabeto funcional, casado, sete filhos, morador de Chã do Pilar, foi a sua antiga empresa receber um dinheiro referente a horas extras, mas teria sido informado que o estabelecimento comercial não pagaria por este tipo de serviço. Revoltado, o pedreiro teria pegado quatro dos seus sete filhos – que têm idade entre 30 dias e seis anos – e duas armas, um revólver calibre 38, com duas munições, e uma espingarda artesanal calibre 26, e teria ameaçado seu ex-patrão, para que lhe pagasse o que era devido.

“Eu ia acabar com vida dos meus filhos e a minha, depois decidi que iria receber meu dinheiro, quando dei por mim percebi a besteira que estava fazendo”, disse o pedreiro, entre lágrimas. E complementou, “tô cansado dessa vida miserável, todo canto que eu trabalho me roubam, não quero viver mais não”.

De acordo com o chefe de serviço da Delegacia de Marechal Deodoro, Ivanildo Barbosa, para onde Antonio Cícero foi levado, a preocupação com as ameaças de suicídio é tão grande que o delegado Eulálio Rodrigues solicitou a presença de uma psicóloga para conversar com o pedreiro.

“Ele foi preso pela Polícia Militar e trazido para cá. Não esboçou qualquer resistência. Mostrou onde morava, deu o endereço dos parentes, enfim, parece ter caído em si após o momento de desespero”, explicou.

Familiares de Antonio Cícero, entre eles o cunhado, o sogro José Jovino dos Santos, a mulher, Josenilda Sabino, que deu à luz ao sétimo filho do casal há 30 dias, irmãos e dois filhos se encontram neste momento na delegacia aguardando o desenrolar dos fatos. Todos foram unânimes em afirmar que o pedreiro é um homem de bem, trabalhador, sem vícios, e que não há explicação para o comportamento dele.

Ainda de acordo com familiares, a questão com o ex-patrão diz respeito a uma parcela do pagamento. Segundo eles, Antonio Cícero foi contratado para uma empreitada. A empresa, que pagou os salários corretamente, diz que não paga horas extras. Já um funcionário terceirizado teria afirmado que os trabalhadores que permanecessem além do horário teriam direito ao complemento salarial.

O chefe Ivanildo Barbosa informou que Antonio Cícero será autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e orientou os familiares e procurarem um advogado para solicitar o relaxamento da prisão. No entanto, perguntados se conheciam alguém que pudessem auxiliá-los neste momento, os familiares se mostraram completamente desamparados.

A mulher de Antonio Cícero, que é casada com o pedreiro há 12 anos, Josenilda Sabino, trazia no olhar o medo e o desespero. “Já pensou se ele se matar? E como fico eu e os meus sete filhos? Alguém pode responder?

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