Mal encerrou reunião realizada hoje com os líderes partidários, o presidente do Senado, Renan Calheiros, telefonou para o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, para marcar a convocação de uma sessão do Congresso destinada à leitura de requerimento para criar comissão parlamentar mista de inquérito a fim de investigar denúncias de suposta mesada paga pelo governo em troca de apoio a projetos do Executivo – a chamada CPI do Mensalão. O requerimento será lido em sessão marcada para quarta-feira (29).
Não ficou acertado ainda o horário dessa sessão porque, para o mesmo dia, está marcado depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias, à CPI que investiga o pagamento de recebimento de propinas por funcionário da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Se o depoimento de Jefferson for marcado para a tarde, a sessão conjunta será feita pela manhã. Se Jefferson for falar de manhã, a sessão será marcada para as 18h do mesmo dia.
Renan Calheiros também disse que se até lá a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização já tiver votado o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO será analisada na mesma sessão. Do contrário, será convocada nova reunião do Congresso para votar o projeto da LDO. Os senadores deixaram a reunião convencidos de que, durante o recesso, funcionarão no Legislativo somente CPIs.
Instado a comentar a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que cabe ao Congresso trabalhar, o presidente do Senado disse que o Parlamento não está parado.
– O Congresso tem trabalhado e vai continuar trabalhando. Se há uma coisa que vou demonstrar ao Brasil é que é possível avançar na investigação e compatibilizar essa investigação com o funcionamento normal do Congresso – enfatizou.
Indagado por um repórter sobre o que acontecerá caso o Supremo Tribunal Federal decida pela legitimidade da CPI dos Bingos, para apurar atos ilícitos do ex-assessor parlamentar da Casa Civil, Waldomiro Diniz, flagrado cobrando propina de empresário, o presidente do Senado disse que seguirá o mesmo rito que antecedeu a CPI dos Correios.
– Se a decisão do STF for no sentido de que o presidente do Senado tem que indicar os membros da CPI dos Bingos, eu vou indicar. Vou conversar com os líderes, fazer o que tenho feito. Se os lideres não indicarem, eu indicarei, sim – garantiu.
Questionado sobre a hipótese de a CPI do Mensalão nascer enfraquecida, em razão de já estar em funcionamento a CPI dos Correios, o presidente do Senado esclareceu que não lhe cabe discutir o mérito do funcionamento das comissões.
– Todos os líderes concordaram com esse calendário e é muito bom que isso aconteça porque mais do que nunca a investigação precisa de convergência e unidade. Nós precisamos esclarecer todos os fatos, aprofundar a investigação. A única maneira de o Congresso retomar a credibilidade e o respeito da opinião pública é apurando, investigando, esclarecendo e, se for o caso, punindo exemplarmente – defendeu o presidente do Senado.
Renan também disse que, no objetivo de restaurar o respeito da sociedade e a credibilidade das instituições, o Congresso "deve instalar quantas CPIs forem necessárias porque a sociedade, mais que nunca, está cobrando isso".