Os números oficiais dos crimes praticados contra gays, lésbicas e transgêneros nem sempre refletem os efeitos de um outro tipo de violência, que ronda as vidas cotidianas dos homossexuais brasileiros: o preconceito.
Os arquivos do GGAL estão repletos de casos que revelam a intolerância na convivência social com os que amam diferente. “Falta uma ação afirmativa da sociedade, que ainda resiste em perceber-nos como cidadãos plenos de direitos e que precisam ser respeitados em sua orientação sexual”, afirma a presidente do GGAL, Kassandra Valentina.
Exemplo claro dessa resistência pode ser observado recentemente, quando o GGAL foi contemplado pelo MEC para realizar um programa de prevenção e sexualidade, orientando jovens da rede pública a partir de oficinas sobre DSTs e Aids.
A ONG enviou ofícios a quatro unidades de ensino convidando as instituições para uma reunião onde seria divulgado o programa. “Apenas a Escola Estadual Geraldo Melo enviou representante para assinar o termo de cooperação. As outras sequer responderam o ofício”, disse Kassandra Valentina.
Há dois anos, quando a Unesco promoveu a pesquisa “Juventude e Sexualidade”, envolvendo crianças e adolescentes de 13 capitais brasileiras, Maceió revelaria outro triste exemplo dessa intolerância. “A pesquisa ouviu rapazes de 14 a 20 anos, que revelaram considerar mais grave usar drogas do que bater em homossexuais”, lembra Marcelo Nascimento, presidente da ABGLT.
Cerca de ¼ dos alunos entrevistados declarou que não gostariam de ter um colega homossexual.