São Paulo – O Foro de São Paulo foi criado em 1990, quando o Partido dos Trabalhadores convocou partidos da América Latina e Caribe para debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim e as conseqüências da implantação de políticas neoliberais pela maior parte dos governos da região. O primeiro encontro reuniu, em São Paulo, 48 partidos e organizações que representavam diversas experiências e matrizes político-ideológicas de todo o continente latino-americano e Caribe. No encontro seguinte, em 1991, na Cidade do México, consagrou-se o nome "Foro de São Paulo". O último encontro ocorreu na Guatemala em 2003.
"O Foro de São Paulo nos ensinou a agir como companheiros, mesmo na diversidade", sintetizou o presidente Luiz Inácio da Silva em ato político comemorativo aos 15 anos do Foro, na manhã de hoje (02), em São Paulo. Lula disse que o diálogo estabelecido no Foro permitiu a evolução política e a consolidação da democracia no continente. "Era um continente marcado por golpes militares, era um continente marcado por ausência de democracia. E hoje nós somos um continente em que a esquerda deu, definitivamente, um passo extraordinário para apostar que é plenamente possível, pela via democrática, chegar ao poder e exercer esse poder", discursou, na presença de lideranças como Roberto Regalo, do Partido Comunista de Cuba, o vice-chanceler uruguaio Belela Herrera, o senador Carlos Baraiba, da Frente Ampla do Uruguai, o deputado colombiano Antonio Navarro e o salvadorenho Schafik Handal, da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional.
Como exemplos da consciência democrática latino-americana, Lula mencionou Venezuela, Chile, Equador, Bolívia, Argentina e Uruguai. "O que teria acontecido no Equador com a saída do Lucio Gutiérrez? O que seria da Bolívia com a saída do Carlos Mesa, se não houvesse uma consciência democrática mais forte no nosso continente entre todas as forças que compõem aquele país?". Para Lula, a vitória de Tabaré Vasquez no Uruguai, depois de inúmeras derrotas, a eleição de Duhalde e Néstor Kirchner na Argentina são outras provas da evolução política do continente. "Todas as vezes que um de nós quiser fazer críticas justas e com todo direito, nós temos que olhar o que nós éramos há cinco atrás na América Latina, há dez anos atrás, para a gente perceber a evolução que aconteceu em quase todos os países da nossa América", destacou.