No depoimento do publicitário Marcos Valério de Souza à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios, senadores e deputados insistiram para que ele explicasse os saques em dinheiro, no valor de R$ 21 milhões, feitos entre março de 2003 e dezembro de 2004.
Os parlamentares queriam vincular as datas desses saques com as de suas viagens a Brasília, com o pagamento de "mensalão" e com as votações no Congresso, mas ficaram frustrados, porque o depoente foi enfático em afirmar que nunca havia ouvido falar em "mensalão" antes da imprensa tratar do assunto.
Para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), não somente a CPI mas o Brasil inteiro quer saber porque ele e suas empresas fizeram saques tão vultosos em dinheiro vivo. Marcos Valério limitou-se a dizer que os saques se destinavam a pagar fornecedores, como artistas e pessoal no interior, que preferiam receber em espécie.
Em relação à origem do dinheiro, Marcos Valério negou que fosse decorrente de superfaturamento de contratos com empresas públicas. Ele propôs a realização de uma auditoria independente em suas empresas, em todos os contratos, pedindo que qualquer irregularidade encontrada seja divulgada à imprensa e à opinião pública.
O publicitário destacou não saber explicar as coincidências entre as datas dos saques em dinheiro, as de suas viagens a Brasília e as de votações importantes para o governo no Congresso Nacional.
Ao responder à senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) sobre sua conversa com o líder do PMDB, José Borba (PR), que teria sido para debater preenchimento de cargos no governo, Marcos Valério afirmou que o encontro se destinou, apenas, a discutir campanhas políticas do partido.
O senador César Borges (PFL-BA) quis saber sobre suas relações com o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Marcos Valério disse ter se encontrado duas vezes com ele, mas negou ter lhe dado R$ 4 milhões, provenientes do PT, para campanhas eleitorais do PTB, conforme o deputado petebista já declarou várias vezes.
Ainda respondendo a César Borges, o publicitário disse desconhecer que o PT tivesse dívidas tão altas quanto R$ 27 milhões. Ele atribuiu à sua amizade com o tesoureiro Delúbio Soares a decisão de dar aval ao empréstimo de R$ 2,7 milhões ao PT no BMG, explicando que "aval não é negócio". Ele disse ter retirado o aval, depois de ter pago uma das parcelas vencidas.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) quis saber sobre as conexões do publicitário com as investigações realizadas pela CPI do Banestado. Ele confirmou ter sido convocado a prestar informações na Polícia Federal, mas negou ter conta no exterior.
– Minhas empresas já fizeram pagamentos no exterior, mas também não mantêm conta em nenhuma instituição financeira com sede em país estrangeiro – afirmou.