Brasileiro nunca soube fazer cinema. Talvez seja algo genético. A cada cem filmes lançados, conseguimos dar o máximo de nós em um Cidade de Deus, ou um “muito bom” Amarelo Manga. No entanto, de resto, ficamos condenados ao entretenimento medíocre patrocinado pelo dinheiro público, e que – diga-se de passagem – custa o mesmo que o cinema internacional.
Com base nisto, já que são os impostos que dão verbas e pai-trocinam o cinema, sou a favor de que o Governo Federal torne o cinema brasileiro gratuito. Garanto que muitos diretores, como é o caso de Walter Salles, serão condenados a pagar para alguém ir ver os filmes deles. O tedioso Central do Brasil, por exemplo, deveria pagar R$ 10,00 a cada corajoso que entrasse no cinema.
No mais, os cineastas tupiniquins, além de devorar a verba pública e vomitar nas telonas, muitas vezes, coisas aquém do investimento artístico, se matem na mídia com um discurso ufanista, como se o filão das películas fossem o salvador da pátria, ou a reflexão máxima sobre o patriotismo. Já vimos isto no futebol. Lá pelo menos somos penta. Já das salas pretas, não nos vieram nenhum Oscar.
Não que o Oscar seja lá grande coisa, pois realmente não é. Como também não é o botequim cult do festival de Cannes. Mas já que nos propomos a isso com a teledramaturgia copiosamente cansativa de Olga e companhia, pelo menos deveríamos ter a competência de aprender aquilo que o Oscar aplaude, para então poder fazer igual. É máxima da Academia: “somos conservadores, babacas e metidos a inteligentes, nós não mudamos”.
O cinema brasileiro – com raras exceções – enche o saco e ainda gasta muita, muita, muita grana do governo, que poderia estar sendo usada para coisa mais útil, ou pelo menos rentável para os cofres públicos e não para o núcleo Globo de Cinema e outras produtoras, que sequer necessitam da verba. Estas, ainda possuem a coragem de dizer que estão “fomentando o cinema”. Paciência.
Já que não dá para separar o joio do trigo, e o Ministério da Cultura, ajuda e muito nesta confusão que é a “peliculofilia” nacionalista, proponho que deixemos as salas de cinema. Vamos fugir em revoada. Deixem que o cinema tupiniquim de entretenimento apodreça, aí quem sabe a Agência Nacional de Cinema aprenda onde deve empregar o verdadeiro dinheiro…
Não vamos derramar dinheiro em balde cheio. Se querem que o povo vá ver Walter Salles, que seja de graça…e olhe lá, pois já é bastante tortura. O mesmo vale para Barreto, Globo Filmes e companhia. Não quero ter minha inteligência insultada e convoco o que resta de senso-crítico para a luta. Se existe dinheiro de sobra para patrocinar o cinema, que este sirva para projetos de artes, com idéias boas, mas que se encontram sem recursos e baratear os ingressos da sala de cinema. Pois, no fim das contas, quem realmente paga cinema neste país, são os pobres.
Então, que a salas pretas estejam lotadas de pessoas para assistirem coisas que realmente interessem a elas, ao invés da reprodução burguesa de conteúdo programado nas novelas das sete. Chega de Os Normais e etc…
Proponho a criação do MSC (Movimento dos sem Cinemas) e ai então vamos, saquearemos e acamparemos do Ministério da Cultura e só sairemos de lá com o nosso dinheiro que está indo patrocinar projetos, que não interessam às reais necessidades deste país. Cinema não é só entretenimento, lágrimas e discursos pseudo-inteligentes.