Indígenas da selva amazônica do Equador pediram hoje, em Quito, que o presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, suspenda as atividades da Petrobras em seus territórios. Segundo eles, a extração está afetando o equilíbrio ambiental na região. Cerca de 120 membros da Huaoranis chegaram à capital equatoriana para realizar nesta terça-feira um protesto contra a Petrobras.
Os indígenas querem que a companhia brasileira deixe o Parque Nacional Yasuní e o território huaorani", no leste do Equador, disse à AFP Enqueri Ehuenguime, líder da comunidade huaorani.
Há duas semanas, os huaorani anunciaram o rompimento de um acordo com a Petrobras que permitia que a empresa brasileira operasse na região de Orellana (na selva Amazônica na fronteira com o Peru), na qual a espanhola Repsol-YPF também explora óleo cru.
Esse plano contemplava o financiamento de vários projetos de desenvolvimento e assistência social para os huaorani no valor de 200.000 dólares anuais. Para os huaorani, os acordos entre o Estado equatoriano e a Petrobras foram feitos sem que as populações afetadas fossem consultadas e temem que a construção da estrada destrua seu território.
Os novos chefes dessa etnia resistem à construção de uma estrada no parque nacional Yasuní, que ocupa boa parte de Orellana, e questionam o não cumprimento dos compromissos pela Petrobras.
"A empresa começou a operar em janeiro e já havia causado os primeiros estragos por sua atividade de prospecção na Amazônia, prejudicando povos nativos dos Kichwas (que vivem na selva)", denuncia o grupo.
A ruptura do acordo huaorani com a Petrobras responde à pressão exercida pelas mulheres indígenas, que querem manter o território onde obtém seus alimentos livres de poluição, segundo Alicia Cahuiya, presidente da Associação de Mulheres Huaorani, que afirma que os rios próximos às comunidades estão contaminados.
"Isto só leva à destruição da floresta, à extinção dos animais selvagens e à imposição de maus costumes ocidentais como o alcoolismo e a prostituição", afirmou. "O povo huaorani está decidido a não aceitar mais a exploração petrolífera em seu território devido aos fortes impactos que a população tem sofrido", declaram.
"Os convênios que firmamos com outras empresas como (a espanhola) Repsol-YPF nos prejudicaram", afirmou Ehuenguime. O parque de Yasuní é a maior área protegida da região amazônica equatoriana, declarada pela UNESCO, em 1979, reserva natural por sua riqueza em biodiversidade.