Sem rumo até agora no Brasileiro, o Vasco contratou outro motorista para guiar o time pelo caminho certo e evitar o rebaixamento para Série B. Renato Gaúcho, que já foi ídolo nos outros três grandes clubes do Rio, assumiu ontem o comando cruzmaltino em lugar de Dário Lourenço e garantiu livrar o time do descenso com muito trabalho e ”alto astral”, sem acabar com os privilégios de Romário, que segue sentado na janela do ônibus vascaíno.
– Aqui, é o Baixinho e mais 10. Para jogar melhor, ele precisa estar alegre e ter apoio. E vai treinar também. Confio nele para ser o comandante do time em campo – declarou Renato, que trabalhou com o atacante no Fluminense em 2003, quando juntos, evitaram o rebaixamento do tricolor.
Romário, a quem o presidente Eurico Miranda garante ter apenas comunicado a escolha, devolveu o carinho ao novo treinador.
– Fiquei muito feliz em saber que ele é o novo técnico. Não posso dizer que estava triste, mas as coisas infelizmente não estavam dando certo. O Vasco vai melhorar e será um grupo mais alegre, como manda a tradição. O Renato tem bagagem para dirigir o ônibus – analisou o atacante, que no ano passado, pelo Fluminense, após desavenças com o então treinador Alexandre Gama, afirmou que o técnico mal chegara e já estava querendo sentar na janela.
Quanto aos treinamentos, o atacante admitiu que poderia estar se dedicando mais:
– Algumas coisas que eu não fazia vou passar a fazer. Espero que as mudanças possam nos ajudar.
Apesar do aval de Romário, o comando da nau cruzmaltina é reivindicado pelo presidente Eurico Miranda. Comparando o Vasco a um carro de luxo, o dirigente fez questão de ressaltar quem realmente dirige o clube.
– O Vasco é um Rolls Royce, só que está sem gasolina. E quem dirige sou eu, a culpa de qualquer coisa é minha – afirmou, isentando o ex-técnico Dário Lourenço.
Como jogador, Renato Gaúcho teve passagens marcantes por Flamengo, Botafogo e Fluminense e levou o Grêmio ao título mundial em 1983. A distância histórica entre o atleta e São Januário não é vista como problema:
– Eu combino com o futebol brasileiro. Sou profissional e confio no meu trabalho. Estou nisso há 20 anos – disse Renato.
Como treinador, já viveu por duas vezes o fantasma de ser rebaixado. Na primeira, não evitou a queda do Fluminense para a Série B, 1996. Na segunda chance, em 2003, Renato mostrou que aprendeu a lição e salvou o tricolor de novo rebaixamento.
– A situação do Fluminense em 2003 estava bem mais complicada do que a do Vasco hoje. Na época, faltavam apenas 10 jogos. Agora, o campeonato ainda está no início e tem só uns cinco ou seis times um pouco melhores, com dinheiro para contratar. O resto está nivelado – analisou o treinador.
Para chegar a tal feito, o treinador vai começar a trabalhar sem reforços – que afirmou serem bem-vindos caso cheguem – e já explicou para quem já está no elenco sua filosofia de trabalho.
– Quem estiver com vontade de mostrar serviço, está dentro. Caso contrário, está fora – explicou.
Junto com Renato Gaúcho, chegam o auxiliar técnico Ricardo Rocha, tetracampeão do mundo em 94, e o preparador físico Alexandre Mendes, que trabalhou com o técnico no Fluminense. Além das mudanças na comissão, para acabar com a crise, a diretoria pôs fim à ”lei do silêncio” imposta há cerca de três semanas.