A expectativa de exportações dos industriais para os próximos seis meses atingiu número negativo pela primeira vez desde 1998. O indicador caiu de 54,9 em abril para 45,9 pontos em julho. O dado é da Sondagem Industrial do segundo trimestre de 2005, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A CNI utiliza uma escala de 0 a 100 pontos onde valores abaixo de 50 são considerados índices negativos.
Embora a queda de expectativa seja generalizada entre os setores industriais ela é mais expressiva para as pequenas e médias. As grandes empresas ainda mostram índices acima dos 50 pontos, mas significativamente menores do que os registrados em 2004. "As exportações estão perdendo a atratividade como um todo para as empresas, aquelas que já têm as suas estratégias vão permanecer, mas é um sinal de alerta para o futuro", avalia o coordenador da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
A pesquisa aponta também que a atividade industrial continua em leve desaceleração. O indicador de produção para o segundo trimestre foi de 48,9 pontos, considerado índice negativo pela CNI. No mesmo período do ano anterior esse número foi de 55,7. A queda de produção do segundo trimestre foi assinalada por dez dos dezessete setores de atividade pesquisados.
Os que apresentaram os maiores recuos foram o mobiliário, de madeira e de couros e peles. Em contrapartida, quatro setores expandiram a produção em relação ao trimestre anterior: produtos farmacêuticos, material elétrico, material de esportes e borracha.
São apontados pela pesquisa como principais problemas a elevada carga tributária, que figura há anos em primeiro lugar, e a novidade é que a taxa de juros, geralmente o segundo principal problema apontado, perdeu lugar para a taxa de câmbio. "A valorização do real está reduzindo a lucratividade das firmas exportadoras, em sua maioria de grande porte, tornando se um problema ressaltado por 48,7% das grandes empresas", afirma a pesquisa.
A Sondagem Industrial é realizada a cada três meses, pesquisa 1.159 pequenas e médias e 197 grandes empresas de todo o território nacional. O período analisado foi de 28 de junho a 15 de julho.