Dados do Sebrae indicam que Alagoas é o segundo maior produtor de flores tropicais do país. O setor conseguiu gerar 500 empregos diretos em dois anos, elevando sua capacidade de produção de 120 mil hastes para 10 milhões por ano. As exportações impulsionaram negócios, no entanto, os custos de comercializar com o mercado externo, têm se revelado menos compensadores, do que vender para o próprio país.
Entraves burocráticos, altos insumos e fretes, impostos e a oscilação nas transações como moedas como euro e dólar, oneram as exportações. “Falta comprometimento das companhias aéreas para garantir as entregas nos prazos acordados”, explica Maria Clara Oiticica, diretora técnica da Comflora.
As dificuldades ocorrem principalmente no período de alta temporada turística, quando os vôos domésticos lotam e as companhias aéreas falham nas entregas. “Estes meses são exatamente os de maior procura”, explica a cooperada Jussara Moreira, numa referência ao período de alta estação das flores para o mercado externo.
Há seis meses a Comflora deixou de exportar flores para a Holanda, decisão motivada pela alta dos custos com fretes e os atrasos nas entregas. A medida não deve ser interpretada como retração de mercado, alertam as cooperadas.
De acordo com as empresárias, a regularidade nas exportações, principalmente para países como Inglaterra e Portugal, maiores compradores das flores alagoanas, possibilitou aumento nas vendas internacionais, mesmo no período de baixa estação.
“Compras quinzenais passaram a ocorrer com frequência semanal”, explica a diretora administrativa e financeira Dalva Edith Reis.
Estação das flores
O mercado da floricultura vive sua alta temporada nos meses de setembro a março. A partir de junho, ocorre uma diminuição na procura. Entretanto, algumas espécies de flores tropicais têm a seu favor, além de aspectos como alta durabilidade, colorido intenso e resistência, a dádiva biológica de florescerem o ano inteiro.
O clima quente e úmido, especialmente na região da zona da mata alagoana, favorece a flora exuberante e também propicia condições ideais para o cultivo de variadas espécies.
A maioria dos produtores se concentra na zona da mata, como é o caso das cooperadas da Comflora, que possuem uma área de 75,50 hectares, dos quais 44,4 hectares estão ocupados com a produção.
APL’s
O cultivo de flores tropicais, atividade capaz de gerar empregos e renda para pequenas comunidades no interior do Estado, está incluído na relação dos potenciais Arranjos Produtivos Locais (APL’s) listados pelo Sebrae, que tem intensificado parcerias para diminuir os gargalos, minimizando os obstáculos para exportação.
“Alagoas é hoje um grande pólo de flores tropicais”, explica Jussara Moreira, lembrando que parcerias como as firmadas com o Sebrae, Secretaria de Indústria e Comércio, Ufal, Orseal e Escola Agrotécnica de Satuba, possibilitaram a Comflora definir padrões de cultivo e ampliar iniciativas para o controle fitosanitário das espécies comercializadas.
“Nossos produtores contam com orientação técnica. A cadeia produtiva movimenta desde insumos, embalagens, equipamentos e material de irrigação fornecidos por empresas alagoanas”, destaca a presidente da Comflora.