O Brasil tem capacidade tecnológica para produzir quatro dos sete medicamentos patenteados para o tratamento do HIV/Aids e que têm distribuição garantida pelo Ministério da Saúde: Kaletra (Ritonavir/Lopinavir), Efavirenz, Tenofovir e Nelfinavir. Os outros dez medicamentos utilizados nesse tratamento, não protegidos pela lei de patentes, já são produzidos no país.
De acordo com o diretor do Programa de DST e Aids do Ministério da Saúde, Pedro Chequer, a produção dos primeiros três desses medicamentos seria vantajosa para o Brasil – o caso do Nelfinavir ainda teria de ser avaliado, já que são poucos os pacientes que o consomem.
Pedro Chequer informou que apenas com a produção do Kaletra o Brasil deixaria de gastar US$194 milhões em cinco anos. E com os três primeiros citados, a economia chegaria a US$ 600 milhões, no mesmo período. "Com essa economia, o país poderia investir na pesquisa para o tratamento da Aids e assim se tornar auto-suficiente na produção desses medicamentos", acrescentou.
A manutenção dos preços elevados nos remédios para o tratamento da Aids, comentou, acaba prejudicando outros países em desenvolvimento, por deixar enfraquecida a capacidade de negociação com os laboratórios estrangeiros.
A produção nacional também beneficiaria especialmente seis países: Timor Leste, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Paraguai e Uruguai. No ano passado, o Brasil iniciou uma política de fornecimento de remédios para o tratamento da Aids a esses países. "Isso mostra que o Brasil não está interessado em obter lucro. O entendimento que temos em relação à Aids diz repeito à solidariedade e aos direitos humanos", disse o diretor.