Na presidência de sessão especial convocada para homenagear O Globo, pela passagem dos 80 anos do jornal carioca, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que tudo o que ocorreu de realmente importante para a formação do Brasil contemporâneo pode ser situado nas últimas oito décadas, a começar pela revolução de 1930.
"Todos os passos e descompassos de nossa nação foram acompanhados pelo O Globo", afirmou Renan, observando que a trajetória do jornal é uma longa história de luta e conquistas repartidas com o Brasil e que, em nome do Congresso Nacional, ele homenageava.
De acordo com o presidente do Senado, ao morrer, aos 98 anos, o então presidente dessa empresa, Roberto Marinho, partiu com a consciência de ter contribuído decisivamente para colocar o Brasil nos trilhos da modernidade, o que justificaria plenamente os três dias de luto oficial decretados pela Presidência da República e as homenagens que lhe foram prestadas pelo Congresso Nacional.
No comando de O Globo e da Rede Globo, Roberto Marinho criou um modelo de homem público da esfera privada, sempre atento à necessidade da informação e da disseminação da cultura e do conhecimento. Nesse sentido, atuou jornalisticamente, ou patrocinando atividades e prêmios culturais e esportivos, inclusive por meio da fundação que leva o seu nome.
Renan também disse que a família de Roberto Marinho tem motivos de sobra para comemorar as oito décadas desse jornal, completadas no último dia 29. Em sua opinião, a história de O Globo é rica em conquistas jornalísticas, técnicas e mercadológicas. No seu entender, ao longo desses 80 anos, o jornal acompanhou, refletiu e contribuiu decisivamente para as transformações que o país sofreu em busca da modernidade e do desenvolvimento.
"Não esqueçamos que O Globo foi sempre um órgão de imprensa inovador e sintonizado com a sociedade, desde a escolha do próprio nome, feita por meio de consulta popular" observou Renan.
Em seu discurso, o presidente do Senado referiu-se ainda aos tempos heróicos em que esse empreendimento foi iniciado, classificando como ousado o gesto de Irineu Marinho, pai de Roberto Marinho, em começar o que então era um vespertino. Lembrou ainda que nem a morte repentina de Irineu Marinho, aos 49 anos, foi capaz de impedir o projeto de seguir em frente.
Renan lembrou ainda que, em 11 de outubro de 1936, o jornal viveu o constrangimento de ver exemplares serem apreendidos pela polícia de Getúlio Vargas, em razão de entrevista exclusiva feita com o capitão Agildo Barata, preso por tentar um levante comunista. Também recordou que, em 1965, ao instituir o Ato nº 2, o governo pressionou os proprietários de jornal e televisão a demitirem profissionais supostamente inimigos do novo regime, medida imediatamente rechaçada por Roberto Marinho. Para o presidente do Senado, episódios como esses serviram para "mostrar o compromisso do jornal e de Roberto Marinho com o país".