Estudos realizados pela Organização Pan Americana de Saúde, Opas, mostram que as crianças brasileiras estão gordas como as americanas e anêmicas como as indianas. Enquanto a anemia atinge quase metade das crianças, o sobrepeso afeta cerca de 6,5 milhões de pessoas com mais de seis anos.
Para evitar que a criança desnutrida de hoje se torne um adulto obeso, nutricionistas estão fazendo dietas balanceadas em escolas, onde a criança pode encontrar os nutrientes para o bom desenvolvimento e a proteção do organismo.
A nutricionista Vanessa Freitas, especializada em Controle e Qualidade dos Alimentos pela Universidade Federal da Paraíba analisa que a programação alimentar na infância deve partir de uma ação conjunta entre a escola e a família. “O uso de alimentos ricos em vitaminas concede à criança melhor qualidade de vida”, afirma.
As pesquisas divulgadas pela Opas mostram que, na maioria dos casos, não falta o que comer, mas uma dieta correta. Até mesmo as crianças que estão acima do peso não estariam comendo demais, mas de modo inadequado.
No Brasil, o número de crianças que vão à escola sem ter feito uma boa refeição no café da manhã chega, em média, a 40%. Por isso, a anemia atinge um índice no Brasil similar ao da Índia e um número de 15% de crianças obesas – na década de 80, essa porcentagem era cinco vezes menor.
No shopping, perto das lojas de “fast food” – famosas por seus sanduíches, refrigerantes e sorvetes – é fácil encontrar crianças e adolescentes em refeições bastante calóricas e sem nutrientes.
É o caso de Jonatas de Melo, de 5 anos, que já tem acompanhamento de endocrinologista e dieta balanceada. Sua mãe, Rosicleide Melo, diz que o menino não gosta de frutas, verduras e legumes. “Ele sempre teve um peso acima do normal, mesmo praticando natação”, revela, acrescentando que uma vez por semana, o sanduíche e o refrigerante são liberados.
“Na escola, o Jonatas lancha achocolatados, danones ou biscoitos. As professoras me dizem que ele prefere passar fome a comer frutas e só bebe suco de laranja”, explica Rosicleide Melo.
Para Vanessa Freitas, as crianças têm facilidade em gostar de alimentos como guloseimas e que contenham corantes. Mas os pais devem ter paciência e bastante conversa para conscientizar os pequenos. “Eles precisam saber o que vão comer e a necessidade dos alimentos para melhorar a resistência do organismo a infecções”, explica a nutricionista.
A conseqüências da má alimentação
Entre outras conseqüências, a má alimentação é responsável pela diminuição no rendimento escolar. “Algumas pesquisas já comprovaram que, se a criança não faz uma boa refeição e não lancha direito tem menor capacidade de concentração, o que atrapalha no aprendizado”, informa Vanessa Freitas.
Os outros problemas da má alimentação estão no surgimento precoce de doenças como hipertensão, câncer, diabetes e problemas cardíacos, além de colesterol elevado, obesidade e até anemia. E a médio e longo prazo, o crescimento físico e mental das crianças também podem ser comprometidos com a dieta inadequada.
Para a nutricionista, a dieta alimentar ideal para as crianças de um a seis anos deve ser composta de feijão, arroz, carne, legumes, duas porções de frutas e três de leite ou derivados. “Refrigerantes e sanduíches podem ser liberados no fim de semana, mas é importante que a criança tenha uma boa alimentação durante a maior parte da semana para criar um bom hábito”, avalia.