Maioria de jovens de baixa renda está fora da escola

Em dez anos, o percentual de analfabetos caiu de 16,4% para 10,9% da população brasileira
Em dez anos, o percentual de analfabetos caiu de 16,4% para 10,9% da população brasileira

A falta de acesso à educação e o analfabetismo são os principais problemas apontados no relatório sobre a juventude brasileira, feito por mais de 40 organizações não-governamentais e entregue ao governo na última semana. O documento, intitulado "Tirando Acordos do Papel", mostra que a maioria dos jovens de baixa renda está fora da escola.

Além disso, a representante do grupo Interagir, uma das ONGs (organizações não-governamentais) que participaram da elaboração do estudo, Renata Fiorentino, observa que é preciso ter políticas públicas que garantam a permanência dos jovens nas salas de aula e que concluam os cursos, seja do ensino fundamental, médio ou superior.

O governo, aponta o relatório, tem desenvolvido ações para combater o analfabetismo e para aumentar o número de jovens na escola. No documento, há dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que revelam certo avanço na inclusão de jovens no sistema educacional e o aumento do nível da escolaridade.

Em 10 anos, de 1992 a 2002, o percentual de analfabetos caiu de 16,4% da população brasileira para 10,9%. As ONGs atribuem esse resultado aos investimentos dos governos federal, estadual e municipal em programas de Educação de Jovens e Adultos e às bolsas educação que reduzem o trabalho infantil.

No "Tirando Acordos do Papel", porém, há a conclusão de que a permanência dos jovens que têm acesso à escola é baixa, principalmente na rede pública. E o principal motivo é o desinteresse, atribuído à baixa qualidade do ensino, a problemas de infra-estrutura e à má remuneração dos professores. A situação financeira também é apontada como causa da evasão escolar entre os jovens.

"Não adianta ter matrícula, se não tem mecanismos de permanência do aluno na escola. Isso vale para ensino básico, médio e até universidade. É importante também garantir que os programas garantam a conclusão do curso e conhecimento adquirido", diz Renata Fiorentino.

Para a representante da ONG Interagir, a falta de qualidade é uma das deficiências mais graves do ensino. Ela lamentou alguns dos resultados apontados na última pesquisa do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feita regularmente pelo Ministério da Educação.

"No último Saeb, viu-se que só 3% dos alunos tinha conhecimento adequado na área de matemática. É ridículo falar que se vai desenvolver um país quando se tem um dado desse. Um governo que não consegue qualificar sua população não se desenvolve nunca. E matemática é uma das áreas básicas".

Fonte: Agência Brasil

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