Retratando as lutas travadas pelas mulheres dos coronéis, nos anos 1920 para driblar o preconceito e a submissão, a escritora Zaida Lins de Lima lançou agora a pouco, no Shopping Iguatemi, o romance regionalista “A mulher do Coronel”.
Ao som da voz de Wilma Araújo e cercada pela família, amigos, políticos – o prefeito de Palmeira dos Índios, jornalista Albérico Cordeiro (PTB) e da vice-prefeita de Maceió, arquiteta Lourdinha Lyra – imortais das Academias: Palmeirense de Letras – Isvânia Marques (presidente) – Maceioense de Letras – Enaura Quixabeira e Emanuel Fay e Alagoana de Letras – Lysete Lyra –, a advogada e jornalista trás, ao público alagoano, a sua segunda obra; apostando sempre no regionalismo.
Após uma vida dedicada à advocacia em Palmeira dos Índios, e de trabalhar como articulista no Jornal Gazeta de Alagoas, por 21 anos, ela agora se dedica à literatura, inspirada no trabalho de seu pai, o também romancista palmeirense Adalberon Cavalcanti Lins.
“Publiquei meu primeiro romance, intitulado de “Ouro Verde” em 2003. Nele fiz referencia também ao cotidiano da vida no interior nordestino, fazendo alusão às características presentes na vida do homem sertanejo, a exemplo da palma forrageira, chamada por meu pai de ouro verde e, que dava nome à fazenda onde morávamos”, conta saudosista a escritora à reportagem do ALAGOAS 24 HORAS.
MULHER DE CORONEL
O romance, que traz referências dos escritores Diógenes Tenório e Francisco Valois, foi prefaciado pela jornalista Gal Monteiro e cuja capa foi produzido por Daniela Jorge – nora da escritora – mostra como uma mulher de coronel conseguiu driblar a repressão, “passando de enrustida a agente transformadora da sociedade”, como faz questão de frisar Zaida Lins.
Para a autora, que foi influenciada pelas histórias da Ouro Verde em Palmeira dos Índios e, que após cursar Direito em Maceió passou a residir na terra Xucuru Kariri novamente, nomes como Graciliano Ramos e Luiz Barros Törres, além do pai – Adalberon Cavalcanti Lins – são suas maiores influências literárias.
“Sempre fui apaixonada pela literatura, acredito ter herdado essa paixão do meu pai, um homem de muita sensibilidade e que publicou sete romances, também no estilo regionalista. hoje, após ter completado sessenta anos, ter me dedicado à advocacia e aos meus filhos, faço da literatura a minha nova razão para viver, mesmo sabendo que não irei ganhar dinheiro com isso”, diz consciente, lembrando os dois prêmios ganhos com Ouro Verde.
Afirmando que A Mulher do Coronel foi concebido como um parto, uma vez que desde a sua concepção e edição se passaram exatamente nove meses, a escritora acredita que retratou fielmente as vidas de mulheres que, culturalmente, viviam subjugadas e, viviam envoltas nos meandros da política coronelesca, praticada no nordeste. “Meus filhos dizem que retratei um pouco de mim também e, confesso que busquei os ingredientes para esta obra em histórias de pessoas que marcaram história, mas lembro que qualquer semelhança é realmente mera coincidência”.
De personalidade forte, que reúne a força da mulher sertaneja e doçura encontrada em pessoas com sensibilidade aguçada, a escritora revela ainda que já está iniciando sua terceira obra, a qual – segundo disse com exclusividade ao ALAGOAS 24 HORAS – contará o romance do cangaceiro Corisco – braço direito de Virgulino Ferreira, o Lampião.
SERVIÇO
Obra: A Mulher do Coronel
Autora: Zaida Lins Lima
Informações: (0xx82) 3421-2466/ 9984-6008