Em Alagoas, de janeiro até agora, foram assassinados 14 homossexuais e travestis, segundo levantamento realizado por entidades e movimentos de defesa das minorias. Os números da violência foram apresentados hoje à tarde durante encontro, na sede da OAB/AL, com membros do Conselho Nacional de Combate à Discriminação, órgão ligado à presidência da República.
A crescente onda de violência contra gays e travestis em todo o Estado vem preocupando as entidades, que vão cobrar do poder público providências para acabar com a impunidade e colocar os criminosos na cadeia. Na reunião com Ione Lindgren e José Roberto Camargo, do conselho nacional, representantes de ONGs relataram alguns casos de violência e discriminação, quando criticaram a omissão dos poderes Executivo e Judiciário.
O deputado Paulo Fernando, do PT, que participou da reunião, lembrou o assassinato do vereador e homossexual José Renildo, de Coqueiro Seco, crime que até agora continua impune. Paulão propôs que as entidades procurassem o presidente do Tribunal, desembargador Eustácio Gama, para cobrar a conclusão do processo, que tramita há cerca de 12 anos, deixando os autores do bárbaro crime em soltos.
Segundo Ione Lindgren, é preciso mobilizar a classe para exigir a implementação de políticas públicas que venham garantir o direito das minorias. “As ações têm que vir de cima para baixo, pressionando o governo federal e depois os governos estaduais”, disse ela, acrescentando que os movimentos sociais também devem pressionar os políticos que vão eleger nas próximas eleições.
Depois de se reunirem também com o procurador geral de Justiça, Coaracy Fonseca, representantes de entidades do movimento gay junto com os membros do conselho terão amanhã (dia 23) uma audiência com o governador Ronaldo Lessa, que está marcada para as 11 horas, no Palácio. Na ocasião, eles vão entregar um documento com matérias publicadas na imprensa denunciando os casos de violência contra homossexuais e travestis.
Segundo Marcelo Nascimento, presidente da Associação Brasileira dos Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), eles vão pedir ainda ao governo estadual a criação do Conselho Estadual de Combate à Discriminação e do Centro de Atendimento a Grupos Discriminados. O centro teria como finalidade prestar atendimento às vítimas da violência e funcionaria com uma equipe multiprofissional, formada por advogados, psicólogos e assistentes sociais.