A Comissão Parlamentar de Inquérito do Mensalão deverá ouvir, nesta terça-feira (23), o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que renunciou ao mandato de deputado antes de responder a processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados. O depoimento está marcado para as 11h30.
Para o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), o presidente do PL poderá dar uma contribuição importante às investigações da CPI se quiser contar um pouco mais do que já revelou à imprensa sobre os R$ 10 milhões que o partido teria recebido do PT para aceitar a coligação entre os dois partidos nas eleições de 2002 – aliança que resultou na chapa vitoriosa à Presidência da República.
O parlamentar acredita que a comissão vai aprovar requerimento para convocar Gushiken porque as investigações iniciais estão, em sua opinião, mostrando haver outras fontes de dinheiro para o PT, além das empresas de Marcos Valério.
– O PT terceirizou a acumulação de recursos e estamos identificando os fundos de pensão como outra possível origem do dinheiro. Há, ainda, certamente, uma conexão com a Petrobras, porque a maior empresa do país, com uma gigantesca conta de publicidade, não pode ter ficado de fora de um esquema de corrupção dessa magnitude – ressaltou.
Redecker contou estar empenhado em um trabalho de paciência para cruzar as informações sobre os saques realizados pelos deputados acusados de receber o mensalão com as datas das votações de projetos de grande interesse do governo e com as datas importantes das eleições de 2004.
– A verdade é como um mosaico. Acredito que poderei acrescentar algumas pedrinhas no quadro geral, através desse estudo – observou.
O deputado pelo Rio Grande do Sul disse estar impressionado com a repercussão das denúncias de corrupção que estão sendo investigadas nas CPIs, apesar da aparente apatia da opinião pública. Ele afirmou que seu gabinete tem recebido muitos e-mails com informações valiosas sobre conexões que muita gente sequer desconfia. "Estou cruzando todos os dados", destacou Júlio Redecker.