Duas tribos indígenas do interior de Alagoas invadiram o prédio sede da Fundação Nacional de Apoio ao Indígena (Funai), em Maceió, na praia da Avenida. As tribos – Kariri Xocó e Carapotó – reivindicam a saída do administrador da Funai, José Heleno.
Cerca de 50 índios fecharam as portas da Funai em sinal de protesto e afirmam que só saíram se José Heleno for deposto do cargo. Eles acusam o administrador regional do órgão de improbidade administrativa e de usar a entidade para fins políticos no interior do Estado, apadrinhando pessoas.
No caso dos Kariri Xocó, situados em Porto Real do Colégio – como afirma o pajé Julio Queiroz – a briga é por conta da unidade da Funai, que antes era dentro da tribo, ter sido mudada para o centro da cidade. Queiroz diz que a mudança foi de comum acordo entre José Heleno e o responsável pela região, Paulo Fernandes Barboza.
“Eles fizeram isto para ajudar o prefeito da região, Eraldo Cavalcante. O prédio foi usado como comitê político. Nesta disputa eleitoral, Paulo Fernandes conseguiu dividir o Kariri Xocó em duas facções, uma comandada por ele, que é a minoria da tribo”, conta o pajé.
De acordo com Julio Queiroz, a divisão contou com o apoio do cacique da tribo, que é pai de José Heleno. “Outra ligação estranha, é o fato do Paulo Fernandes ser esposo de uma funcionária da entidade. Enfim, eles mandam e desmandam e não fazem nada em benefício da comunidade”, desabafou o pajé.
Queiroz diz que a tribo é formada por 2.500 índios. “Nós somos muitos. Para você ter idéia, eles aproveitaram um dia de ritual, onde as pessoas não se encontravam na tribo, para remover o posto da Funai de dentro da tribo, para a cidade. Queremos providências das autoridades competentes. Pelo cargo que Paulo Fernandes ocupa, ele não poderia estar se envolvendo em política”, colocou.
Carapotós
Já os Carapotós, de São Sebastião, liderados pelo cacique Itapó, que responde pelo nome branco de Joares de Souza, disse ter invadido a Funai em apoio aos Kariri Xocó, que “estão organizando um protesto pacífico e democrático, para retirar uma pessoa que não trabalha pelo bem da comunidade”.
“Temos as nossas reivindicações também. Estamos aqui pelos nossos irmãos e por nós, pois há anos que esperamos o cumprimento das promessas de Eleno. Um trator que ele disse que consertaria, para ajudar nas atividades agrícolas da tribo, continua com defeito há anos, o mesmo ocorre com o único carro nosso, que serve de ambulância e transporte”, expôs Itapó.
“Queremos a cabeça de José Heleno. Este órgão não pode ser dirigido por ele”, colocava o cacique. “Ele já esteve aqui na Funai pela manhã, mas quando viu a invasão voltou e disse que chamaria a Polícia Federal. Nós não somos bandidos. Ele ainda me ameaçou. Disse que me pegaria, quando eu estivesse fora do órgão”, denunciou Itapó.
O Alagoas 24 Horas está tentando contato com José Heleno para que ele possa explicar as versões dos fatos levantadas pelos índios, que invadiram o prédio da Funai. No momento em que a equipe de reportagem esteve no local, Heleno havia saído do prédio.