A América Latina possui os piores índices de igualdade social do mundo, indica o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) "Situação Social Mundial 2005 – o problema da desigualdade", divulgado ontem (25). No início dos anos 90, os 10% mais ricos da América Latina detinham até 45% da renda nacional. Por outro lado, os 10% mais pobres detinham no máximo 15% dessa renda. Segundo o relatório, o final dos anos 90, a renda dos 10% mais ricos do continente "aumentou em oito países e caiu um pouco em cinco".
A região também teve a sua renda diminuída em relação ao resto do mundo. Em 1980, a América Latina e o Caribe tinham 18% da renda per capita de todo o mundo – que é a média de quanto cada habitante ganha. Em 2001, esse valor caiu para 12,8% em relação às nações mais abastadas.
O Brasil aparece no relatório com um dos três países com a pior distribuição de renda no mundo e detém o recorde de desigualdade social da América Latina: os 10% mais abastados têm uma renda equivalente a 32 vezes o que recebem os 40% mais pobres.
Para enfrentar o problema da desigualdade, o estudo sugere a promoção da democracia e do estado de direitos, além do acesso mais igualitário da população aos recursos. A ONU também defende a implementação de sistemas de proteção social para os mais pobres.
"Ao identificar algumas das questões mais críticas que afetam o desenvolvimento social em nossos dias, o relatório pode ajudar a orientar medidas decisivas que visem construir um mundo mais seguro e próspero, em que as pessoas possam usufruir dos seus direitos humanos e liberdades fundamentais" afirma o secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, no documento de lançamento do relatório. "Vencer o problema da desigualdade é um elemento essencial deste processo".