O empresário Enivaldo Quadrado, sócio da corretora de valores Bônus Banval, prestou depoimento hoje à Polícia Federal (PF). A corretora seria uma das responsáveis pelo repasse de recursos das contas de Marcos Valério a parlamentares. O empresário entregou "extratos de conta corrente da movimentação da corretora, esclarecendo toda a mentira que foi dita por Toninho da Barcelona".
Antonio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, afirmou na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios que Marcos Valério usava a Bônus para mandar dinheiro para o exterior. De acordo com a polícia, por enquanto, não há indícios de remessas para o exterior.
O depoimento de Enivaldo durou quase sete horas. Ele contou que foi apresentado a Marcos Valério pelo deputado José Janene (PP-PR). Afirmou que sua empresa estava com dificuldades financeiras e Valério se apresentou como empresário interessado em comprá-la. Durante seis meses, disse Enivaldo, Valério – sempre acompanhado de seu sócio Rogério Tolentino – se reunia com ele para conhecer a empresa e decidir se iria comprá-la.
Nesse período, Valério teria pedido a Enivaldo que fizesse dois saques de cerca de R$ 600 mil de suas contas no Banco Rural em São Paulo para entregar a ele [Valério] o dinheiro. Enivaldo contou à polícia que estranhou o pedido, mas aceitou "por achar que Valério estivesse querendo impressioná-lo".
Enivaldo explicou à PF que a Bônus é uma corretora com título que dá direito a investir na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e que faz aplicações para seus clientes. Durante as conversas sobre a compra da empresa, Enivaldo teria apresentado a lista de clientes para Valério. O empresário então escolheu um deles, que então passaria a administrar seus negócios dentro da conta da Bônus – que possuía título para investimento na BM&F.
Segundo depoimento de Enivaldo, quando Valério queria resgatar o dinheiro aplicado, passava nome de terceiros para os quais a quantia deveria ser entregue. De acordo com a polícia, Valério movimentou aproximadamente R$ 6 milhões por meio da empresa.
Enivaldo relatou que, após seis meses, Valério disse não mais ter interesse na compra da Bônus. No fim de 2002, a empresa se juntou à Banval, passando a se chamar Bônus Banval. Em setembro de 2004, ela perdeu o título da BM&F.
De acordo com a polícia, Enivaldo Quadrado deve apresentar até a próxima quarta-feira os registros com nomes das pessoas para as quais o dinheiro resgatado era entregue. Enivaldo não quis falar com a imprensa após o depoimento. Todas informações foram dadas por meio de sua assessoria de imprensa e pela Polícia Federal.