A estratégia do desarmamento adoptada pelo Governo brasileiro diminuiu o número de mortes por armas de fogo no Brasil, poupando mais de cinco mil vidas em 2004, de acordo com um estudo hoje divulgado pela ONU.
O conceito de vidas poupadas utilizado pela Organização para a Educação, Ciência e Cultura das Nações Unidas (UNESCO) representa a diferença entre o número de mortes registadas e o de mortes previstas em 2004.
De acordo com o estudo, "Vidas Poupadas – O Impacto do Desarmamento no Brasil", 5.563 mortes foram evitadas no ano passado.
"Por influência da estratégia de desarmamento, em 2004, não somente foi anulada a tendência histórica de aumento das mortes por armas de fogo, em 7,2 por cento ao ano, mas observa-se também uma descida de 8,2 por cento em relação a 2003", diz o documento.
A análise foi feita com base em dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde e contou com a parceria do Ministério da Justiça.
O representante da UNESCO no Brasil, Jorge Werthein, considerou o estudo importante para o actual momento que vive o país, já que em Outubro haverá um referendo no Brasil sobre a proibição ou não da venda de armas de fogo.
"Os resultados do estudo ajudam a sociedade a fazer uma reflexão sobre o uso de armas de fogo e a necessidade de reduzir a violência para se construir uma cultura de paz", assinalou Werthein.
De acordo com o levantamento, houve 36.119 mortes por armas de fogo no Brasil em 1994. A previsão era de 41.682 óbitos.
As capitais brasileiras, que concentram 23,8 por cento da população do país, foram responsáveis por 38,3 por cento das mortes por armas de fogo em 2004.
O estudo mostra, entretanto, que 39,8 por cento das vidas poupadas pelo desarmamento aconteceram nessas cidades, onde 2.214 pessoas continuam vivas por causa da campanha e do Estatuto do Desarmamento.