Brasília – "É uma armação contra o deputado Severino. Essa é a tese correta", disse o advogado José Eduardo Alckmin, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, que foi contratado hoje (10) para a defesa do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Segundo o advogado, que passou a tarde na casa do deputado, Severino pediu que seus acusadores fossem processados por calúnia. "Tenho a incumbência, já para segunda-feira, de entrar com queixa-crime contra seus acusadores", disse. A queixa-crime, por calúnia, será contra Sebastião Augusto Buani e contra os veículos de comunicação que não ouviram a versão do deputado, explicou Alckmin. Assim, disse, eles estarão obrigados a provar na Justiça as informações que deram.
Buani é dono do restaurante Fiorella, que fica na Câmara dos Deputados. Ele apresentou à Polícia Federal uma suposta cópia do contrato que teria sido firmado entre ele e Severino para prorrogar a concessão do restaurante. Em troca, Severino teria cobrado, segundo Buani, R$ 40 mil. Porém, mesmo tendo recebido o dinheiro, Buani contou que Severino passou a cobrar R$ 10 mil por mês, para uma concessão de um ano, em caráter emergencial.
José Eduardo Alckmin disse que vai sustentar a acusação de Severino, de tentativa de extorsão. Além disso, segundo ele, há indícios de que esse documento é falso. "A primeira assinatura não parece conferir, especialmente confrontando com documentos feitos à época. Segundo, é um documento inócuo e inexplicável". Alckmin disse que o documento teria sido assinado no dia 4 de abril, o mesmo dia em que o empresário formulou um pedido de reconsideração a respeito de uma decisão anterior, em que havia sido negado um pedido para prorrogar por mais três anos o contrato com a Câmara.
Pela conversa que teve com Severino, o advogado diz que a intenção do deputado não é renunciar, mas se defender. Mesmo uma licença do cargo estaria descartada. Segundo Alckmin, o presidente da Câmara espera que a nação tenha ouvidos e boa vontade para escutar sua defesa, sem pré-julgamento.
Buani afirmou em depoimento à PF ainda não ter nenhuma prova de que teria pago propina ao então primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. Mas disse que, até terça-feira (13), espera que o banco Bradesco entregue cópia de um cheque que teria emitido em favor de Severino. Segundo Alckmin, Severino afirmou que em sua conta bancária não há registro de depósito algum proveniente de Buani.