Pesquisa embala Heloísa e mexe no jogo político em Alagoas

Os números das pesquisas sobre a intenção de votos do eleitorado alagoano para 2006 são responsáveis pela direção que a campanha oficial vai seguir, a partir de agora. Ao levar o vice-governador Luiz Abílio para o PDT, o governador Ronaldo Lessa dá vazão à hipótese de uma composição aparentemente esdrúxula – Abílio assumiria a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas; e o presidente da Assembléia Legislativa Celso Luiz completaria o mandato.

As pesquisas encomendadas pelo Palácio Floriano Peixoto mostram que a preferência do eleitorado pela dobradinha Lessa-Heloísa Helena é, disparada, a de maior freqüência na curva que mede a regularidade das opiniões. Os números, que não mentem jamais, indicam a realidade estatística; mas existe a realidade política e nesta a ordem dos fatores altera o produto. O mandato-tampão acomodaria o deputado Celso Luiz (PMN), que insiste em ser candidato a vice-governador em 2006; e livraria o governador dos atritos com “o pessoal de Arapiraca”, que também quer indicar o vice-governador.

AS HIPÓTESES

Como “pessoal de Arapiraca” deve-se entender a ex-prefeita Célia Rocha e a sua turma, de quem o governador ainda resiste em se reaproximar – ainda que saiba que não deve prescindir do apoio. Há quem interprete os números das pesquisas favoráveis à senadora Heloísa Helena como “nuvem passageira” – alusão à performance na mídia dos escândalos nacionais; encerrada a CPI – dizem os analistas – a senadora perderia o foco da mídia e o quadro político estadual novamente se modificaria. Do outro lado, nomes de peso rebatem a tese; o senador Teotonio Vilela Filho (PSDB), vê na senadora Heloísa Helena uma adversária em potencial seja qual for o quadro.

-“A senadora Heloisa Helena tem hoje 20 milhões de votos no país inteiro. É isto o que as pesquisas mostram. É uma situação muito mais confortável do que o PT, quando surgiu, no começo da década de 1980. Portanto, a Heloísa pode ser candidata à Presidência da República, não se elegeria, mas viabilizaria o partido dela, o P-Sol. Ou poderia disputar a reeleição para o Senado, ou o governo do Estado. Ela conquistou esse espaço e isso independe da crise política nacional. A Heloísa, a Luciana Genro, o Babá, os deputados que foram expulsos pelo PT, por não seguirem a orientação do partido, estão hoje numa situação confortável perante a nação”, disse o senador.

O IMPASSE

No mês passado, o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, procurou o prefeito de São Paulo, José Serra, um dos candidatos do PSDB à sucessão presidencial, para dizer que o partido (PDT) estava aberto à negociação em torno da composição da chapa para a disputa sucessória; e, de acordo com o senador Teotonio Vilela, citou o nome do governador Ronaldo Lessa como o candidato do PDT a vice-presidente na chapa tucana. As negociações com o PDT prosseguem e o senador Teotonio Vilela vê chance de o acordo ser fechado. “O PDT faz oposição ao governo Lula; estamos na oposição desde o início do governo”, reagiu.

Mas, o governador Ronaldo Lessa não trabalha apenas com essa hipótese; quem imaginar que pode surpreendê-lo é bom não apostar no fator surpresa. Ao tirar o vice-governador Luiz Abílio do PSB, o governador abriu espaço para Kátia Born brigar pela disputa sucessória sem comprometê-lo. E, caso tenha de disputar a única vaga para o Senado, sua preocupação agora inclui, além do ex-presidente Fernando Collor de Mello, a senadora Heloísa Helena. O governador trabalha as peças desse jogo político com a maturidade de que enfrentou situações complicadas, mas, agora, sabe que terá de contornar os efeitos dos chamados “interesses contrariados”.

Se, para isso, o governador tiver de mexer no jogo, a hipótese de o vice-governador Luiz Abílio virar conselheiro do Tribunal de Contas – cargo vitalício, com salário de R$ 20 mil – e de o presidente da Assembléia Legislativa, Celso Luiz, virar governador, deixa de ser apenas a pedra encolhida no jogo.

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