O membro do comando nacional de greve da Federação Nacional dos Correios (Fentect), João Maurício Gomes, disse hoje (15), que os trabalhadores estão tendo dificuldade de negociar com os Correios porque a empresa estaria sendo "intransigente". A afirmação foi feita após a reunião do comando com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Vantuil Abdala.
"Nós queremos deixar claro que os trabalhadores estão dispostos a negociar. O que a empresa tem feito é o contrário", disse Maurício. O ministro, segundo Gomes, ouviu as reivindicações dos trabalhadores e se dispôs a intermediar as negociações. "Nós colocamos a situação. A dificuldade de negociar com a empresa. Que isso nunca havia acontecido antes: da empresa se fechar tão cedo . O comando dos trabalhadores continua disposto a negociar", disse. O ministro Vantuil Abdala tentará realizar outro encontro informal entre as duas partes, ainda sem previsão para acontecer.
Maurício Gomes disse ainda que a greve continuará por tempo indeterminando. "A adesão tem aumentado de ontem para hoje. Há 20% a mais de mobilizações nos estados, o que tem fortalecido o movimento". Segundo o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal (Sintect-DF), cerca de 70% dos funcionários dos Correios aderiram à paralisação em todo o país.
Os grevistas reivindicam aumento do piso salarial de R$ 448 para R$ 931 e do vale alimentação de R$ 14 para R$ 20; aumento salarial de 20%, além de 52% de reposição da perda salarial e correção da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,55%.
Na tarde de ontem (14), os Correios ajuizaram dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho. A ação que pode fazer com os grevistas voltem ao trabalho ainda precisa ser julgado pelo TST . De acordo com João Mauricio, os Correios "entraram com o dissídio da greve para julgá-la abusiva ou não". Ele lembrou, no entanto, que só pode haver dissídio coletivo se ambas as partes estiverem de acordo.