Com cerca de 80% dos funcionários dos Correios em greve, a paralisação deve continuar, segundo afirmou hoje o diretor jurídico da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), José Gonçalves de Almeida. Nesse momento, em Alagoas, os funcionários realizam assembléia na agência dos correios do Tabuleiro dos Martins.
As assembléias estão marcadas em todo o Brasil e o indicativo é de "continuidade da greve", que começou na quarta-feira, dia 14. Para os Correios, a paralisação atinge cerca de 15% dos 108 mil funcionários da empresa.
"Devemos pedir ao ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Vantuil Abdala, um prazo até quarta-feira (21) para retomarmos as discussões com a empresa, com a participação dele, para que possamos chegar a um acordo sem necessidade de o dissídio coletivo ajuizado pela empresa ir a julgamento na quinta-feira", disse Almeida.
O dissídio coletivo é um recurso usado por patrões e trabalhadores quando as negociações não avançam dentro do prazo referente à data-base de uma categoria. Basta que uma das partes faça o pedido na justiça do trabalho.
A categoria reivindica reposição salarial de 47%, mais correção de inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,55%. A pauta de reivindicações inclui aumento do piso salarial de R$ 448 para R$ 931, do vale alimentação de R$ 14 para R$ 20 e abono salarial de R$ 800.
De acordo com Almeida, a proposta que o ministro Abdala apresentou ainda não contempla as reivindicações da categoria. Em audiência na sexta-feira (16), no Tribunal Superior do Trabalho (TST), o presidente do Tribunal, ministro Vantuil Abdala, propôs aumento salarial de 8,5%; abono linear de R$ 800 e um reajuste de 3,61% em fevereiro de 2006. A diferença desta proposta para a da empresa é apenas no aumento de R$ 200 no abono.
O comando da greve está mantendo os serviços básicos, disse o diretor jurídico da Fentect. Isso inclui a entrega de remédios e atendimento aos aposentados e pensionistas que recebem pelos Correios nas cidades onde não existam agências bancárias. Ele afirmou que a paralisação é maior na região Nordeste, nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul e nos grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
De acordo com a assessoria dos Correios, as cerca de 12,3 mil agências do país estão funcionando praticamente na normalidade. Os serviços de transporte e distribuição das remessas são os mais prejudicados. De cada cinco cartas ou encomendas apenas uma está atrasada, segundo a empresa.