Prefeito denuncia perda de nutrientes no São Francisco

O prefeito de Piranhas, Inácio de Loiola (PSDB), advertiu para a perda de nutrientes no Rio São Francisco, o que ocasionou a redução brusca do volume de pescados e o desaparecimento de espécies antes abundantes como o surubim, a tubarana e o pitu.

“Sou de uma época em que o pitu servia de tira-gosto, de graça, para quem tomava uma pinga. Hoje, é prato raro e caro, e mesmo assim, não se vê mais aquele pitu no tamanho de antes, que chegava a se confundir com uma lagosta”, disse.

Agrônomo formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e pesquisador da cultura do São Francisco, Inácio explica a perda de nutrientes no rio pelas barragens – a situação piorou depois da construção da Usina de Xingó. “A água fica retida na barragem e vai sendo depurada naturalmente; depois que passa pelas comportas ela retorna ao leito normal do rio alterada, ou seja, sem os componentes orgânicos que servem de alimento para os peixes e crustáceos”, ensinou.

CRÍTICA

Inácio mostrou a importância da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) para a industrialização do Nordeste, mas observou que a região do baixo São Francisco está pagando um preço elevado para garantir os projetos de produção de energia elétrica. O prefeito de Piranhas citou que o grosso do investimento feito pela Chesf, para compensar as alterações no curso do rio, ficou à montante de Xingó, ou seja, antes de Paulo Afonso, mais precisamente nos Estados da Bahia e de Pernambuco. “Abaixo de Paulo Afonso, na direção da foz, a situação é crítica”, sustentou.

“Sem a Chesf não haveria a industrialização do Nordeste, mas, com a Chesf, o Rio São Francisco deixou de ser o mesmo; não é mais o rio da fartura. Eu nasci e me criei tomando banho no São Francisco, pescando, comendo pitu e surubim. Lembro-me do movimento dos barcos, verdadeiros navios que aportavam na minha cidade (Piranhas) trazendo gente e cargas. Hoje, isso é impossível porque o rio está morrendo; somente os mais experientes podem navegar pelo rio sem o risco de encalhar nos bancos de areia”, acrescentou.

O prefeito de Piranhas quer que a Chesf repare os danos causados ao São Francisco, na região entre Alagoas e Sergipe, e criticou o projeto de transposição das águas do rio para abastecer o chamado Nordeste Setentrional (sertões do Ceará, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e Pernambuco). “Eu nunca vi um paciente na UTI ser doador de sangue. O São Francisco é um rio em estado terminal e não sou eu que estou afirmando isto, mas a NASA (National Admistration Spacial Aeronáutic), que previu a redução do rio à condição de riacho dentro de vinte anos, se não forem adotadas as providências para revitalizá-lo”, concluiu.

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