A maior disputa para a presidência da Câmara dos Deputados da história da República – ao menos em número de candidatos – será realizada nesta quarta-feira, a partir das 10 horas. Dez parlamentares, de sete partidos, se candidataram para assumir um mandato-tampão até 2 de fevereiro de 2007, num processo sucessório tumultuado e construído em uma semana, a partir da renúncia do ex-presidente Severino Cavalcanti (PP-PE).
"Este realmente é um número recorde na história do parlamento", disse o secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara, Mozart Vianna. Em fevereiro deste ano, a presidência da Casa foi disputada por cinco candidatos: Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), Virgílio Guimarães (avulso), José Carlos Aleluia (PFL), Jair Bolsonaro (avulso) e Severino Cavalcanti (PP).
Por conta da disputa envolvendo os 10 candidatos e a possibilidade de acordos de útlima hora, Mozart Vianna informou que a Secretaria Geral da Mesa vai funcionar durante toda a madrugada desta quarta-feira para atender a possíveis desistências de qualquer um dos candidatos. "Nós entendemos que as articulações políticas são permanentes e podem resultar em eventuais desistências", explicou.
Os candidatos tem até às 9 horas de amanhã para desistirem de concorrer à presidência da Casa. Passado este prazo, as cédulas com os nomes dos 10 candidatos serão levadas para as cabines de votação do plenário da Câmara. Para esta votação foram confeccionadas 50 mil cédulas, 5 mil para cada candidato, informou Vianna.
Cada candidato terá 15 minutos para discursar em plenário e tentar convencer seus 512 colegas de que suas propostas são as melhores para a Casa. O processo de votação só terá início quando o painel eletrônico registrar a presença de, no mínimo, 257 deputados. Este também é o número necessário para eleger o sucessor de Severino.
Se nenhum dos candidatos conseguir o chamada maioria absoluta, a decisão será decidida em segundo turno. Mozart Vianna informou que, nesta hipótese, a nova votação está prevista para iniciar às 18 horas.
Dos 10 postulantes à presidência da Casa, três têm cargos na atual Mesa Diretora: José Thomáz Nonô (PFL) é primeiro vice-presidente; Ciro Nogueira (PP) é segundo vice-presidente; e João Caldas (PL) é quarto secretário. Se algum deles for eleito para o novo cargo, terá que renunciar imediatamente ao cargo que ocupa. Segundo Mozart Vianna, caso isso ocorra, uma nova eleição para preencher o cargo vago terá que ser realizada num prazo de cinco sessões.
Após o tumulto no dia da renúncia de Severino Cavalcanti, a Mesa Diretora deve disciplinar o acesso às galerias do Congresso nesta quarta-feira. Para isso, serão distribuídos 200 convites repassados aos partidos pelo critério da proporcionalidade. Quem tem maior bancada terá mais convites.
Participam desta eleição os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP), José Thomáz Nonô (PFL-AL), Michel Temer (PMDB-SP), Ciro Nogueira (PP-PI), Francisco Dornelles (PP-RJ), Wanderley Assis (PP-SP), Jair Bolsonaro (PP-RJ), Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP), João Caldas (PL-AL) e Alceu Colares (PDT-RS).