Dirceu nega envolvimento em mensalão ou empréstimos do PT

O deputado federal José Dirceu (PT-SP) depôs nesta terça-feira (27) durante quase seis horas no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados. Foi a segunda vez, neste ano, em que o Conselho ouviu o ex-ministro-chefe da Casa Civil. No primeiro depoimento, ele falou como testemunha no processo disciplinar do deputado cassado Roberto Jefferson. E hoje, depôs em sua própria defesa.

José Dirceu negou qualquer envolvimento no suposto esquema de pagamento a parlamentares em troca de apoio ao governo e afirmou ainda desconhecer os empréstimos bancários feitos pelo empresário Marcos Valério em nome do PT. "O que está em curso aqui é um julgamento político, mas mesmo no julgamento político são necessário provas ou então uma confissão. Eu não sou réu confesso e não há nenhuma prova testemunhal ou material contra mim", disse. E acrescentou: "Não é verdade que eu coordenei, participei ou me omiti diante do chamado mensalão. Quero repelir as insinuações de que haja no governo um sistema de corrupção".

O deputado atribuiu parte da atual crise política à disputa pelo poder e à sucessão presidencial em 2006. Para José Dirceu, as pressões feitas por setores da mídia e do Parlamento, para que ele renunciasse ao mandato e para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desisitisse da reeleição, podem ser comparadas a uma tentativa de "golpe branco".

Sobre os recursos que tem apresentado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no Supremo Tribunal Federal, Dirceu afirmou que faz isso para garantir seu direito de defesa: "Vou sempre me defender, usar as leis, a Constituição. Não passamos 20 anos lutando pela democracia em vão."

O ex-ministro atribuiu as acusações do deputado cassado Roberto Jefferson a uma insatisfação do petebista com o sistema de avaliação dos indicados pelos partidos da base aliada para cargos no governo. "A razão do atrito é que sempre me mantive vigilante nas nomeações, verificando se os candidatos tinham condições técnicas para preencher os cargos", avaliou.

Durante o depoimento, José Dirceu reconheceu a possiblidade de ter cometido erros políticos no PT, inclusive na formação de alianças partidárias e apoio a campanhas publicitárias de grande porte. "Durante o tempo em que estive na Casa Civil, talvez eu devesse ter empregado mais tempo na vida política do PT, mas tinha muitas responsabilidade com o programa de governo", reconheceu. "Agora, não vou pedir nada ao meu partido ou ao presidente. Vou me defender sozinho", acrescentou.

Fonte: Agência Brasil

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