O governo federal conseguiu emplacar na presidência da Câmara dos Deputados um nome de sua confiança, com a vitória do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Rebelo, 49, venceu em segundo turno o oposicionista José Thomaz Nonô (PFL-AL), por 258 votos a 243. No primeiro turno, realizado nesta quarta-feira, ambos os candidatos obtiveram 182 votos.
Aldo Rebelo comandará a Casa até o dia 2 de fevereiro de 2007, data prevista para a escolha da próxima Mesa Diretora.
A candidatura de Rebelo foi fortemente apoiada pelo Palácio do Planalto, que abdicou de uma candidatura petista e investiu pesado -houve promessa de verbas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou pessoalmente a parlamentares pedindo votos a Rebelo.
O PL desistiu de candidatura própria e passou a apoiar Rebelo depois de o governo prometer mais verbas para o Ministério dos Transportes, controlado pelo partido. Além de PT e PL, deram apoio a Rebelo o PSB e parte do PMDB.
Rebelo é muito identificado com o governo petista. Foi ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais e líder do governo na Câmara. Para seus críticos, isso mostra que pode haver uma subordinação da Câmara ao Executivo.
Em discurso antes da votação do segundo turno, Aldo Rebelo prometeu autonomia em relação ao governo. Disse que seu passado político serve de resposta para as insinuações de que terá vinculação com o Executivo.
"Nunca dependi do governo para ser eleito", afirmou. "Acima do governo está o país. Acima do governo está está o povo. Acima do governo, está está a necessidade de restabelecer o diálogo", acrescentou. Como compromisso, disse que projetos enviados pelo Executivo não serão votados caso haja propostas similares em tramitação no Congresso Nacional.
O governo, que perdeu a eleição na Câmara no início deste ano para Severino Cavalcanti (PP-PE), retoma agora influência sobre a Casa, que foi governada pelo petista João Paulo Cunha (SP) em 2003 e 2004.
Severino Cavalcanti pediu a renúncia ao cargo e ao mandato na semana passada, após denúncias de que teria cobrado propina do empresário
Sebastião Buani, dono de um restaurante na Câmara. O caso ficou conhecido como "mensalinho".
Começo na UNE
Ex-ministro da Coordenação Política, o jornalista Aldo Rebelo ingressou na vida política em 1976, quando foi secretário-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE). Desde então, foi vereador e por quatro vezes deputado federal pelo PCdoB. Antes, esteve filiado por cinco anos ao PMDB.