Em debate promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), nesta sexta-feira (30), em São Paulo, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, disse que é preciso reagir contra tudo que impede o desenvolvimento econômico no Brasil e não apenas à corrupção e à falta de ética que corroem o sistema político e a confiança nas instituições democráticas.
– Precisamos reagir diante da escalada da violência, da exclusão social e da fragilidade de nossas políticas públicas, incapazes de colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento econômico e social – afirmou.
Citando dados de pesquisa divulgada há poucos dias pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Renan disse que existem quase 12 milhões de jovens brasileiros vivendo na pobreza, tendo sido constatado o fracasso das políticas para o acesso à escola. Ele também citou dados do Banco Mundial que colocam o Brasil, num ranking de 155 países, na 119ª posição quanto à qualidade do ambiente para negócios.
Renan disse que, apesar de o Brasil apresentar números positivos na economia, o momento exige cautela, pois se o país está crescendo, ainda cresce menos do que os países vizinhos. Ele defendeu a criação de um cenário propício para investimentos nacionais e estrangeiros, promovendo a recuperação dos créditos do setor privado, acabando com as armadilhas da burocracia, garantindo um tratamento diferenciado para os pequenos negócios e investindo de forma efetiva em infra-estrutura, o maior gargalo da economia brasileira. A essas iniciativas, Renan chamou de "agenda mínima de crescimento".
– Não dá para pensar em crescimento e desenvolvimento econômico com a atual taxa de juros e a atual carga tributária, que castiga cidadãos e empresas no país inteiro. O Senado fez o seu papel. Aprovamos, no ano passado, uma reforma tributária sistêmica, com começo, meio e fim. Agora resta à Câmara completar a votação, de modo a simplificar e diminuir, gradualmente, os impostos – disse.
Renan destacou ainda a chegada ao Senado da Medida Provisória 252/05, a chamada "MP do bem", que desonera novos investimentos de pagamento de tributos federais.
– A atual crise política não pode paralisar o país nem comprometer a governabilidade. O governo precisa governar e o Congresso precisa legislar e estar atento a medidas que nos conduzam rumo a um caminho ético e de desenvolvimento econômico e social – disse o senador.
Ranan ressaltou que o momento exige maturidade e equilíbrio, e diálogo entre o Legislativo, o Executivo, empresários e trabalhadores. Ele acrescentou que o Brasil "é maior do que a atual crise" e que as instituições estão maduras o suficiente "para reprimir desvios éticos sem que haja rupturas institucionais".