Senadores vão até Cabrobó visitar Bispo que protesta contra transposição do São Francisco

Os senadores alagoanos Teotonio Vilela, Heloísa Helena e César Borges, da Bahia, visitaram hoje o bispo D. Luiz Flávio Cappio, de 59 anos, que desde a última segunda-feita realiza greve de fome em protesto ao projeto do governo federal de Transposição das águas do Rio São Francisco.

Os senadores estão solidários à atitude do militante que é contra a transposição. De acordo com o assessor de comunicação do senador Teotônio Vilela, Marcelo Sandes, o bispo escreveu uma carta se posicionando quanto ao projeto do governo federal onde diz: “Meu gesto é o último recurso que me resta para fazer o governo federal desistir desta obra insana e mentirosa que é a transposição”.

D. Luiz Flávio Cappio é um grande conhecedor e defensor do Rio São Francisco, onde chegou a percorrer a pé a margem do rio da nascente à foz com mais dois militantes, percurso este realizado em um ano que o proporcionou conhecer todas as comunidades que vivem do São Francisco.

Cappio disse que apenas vai ceder à greve de fome caso o presidente Lula se sensibilize e desista de levar à frente o projeto. Ele chegou a pedir à família que não intervenha no seu protesto, dizendo que apenas aceita ser avaliado ou medicado em caso de desistência do projeto. “Ou ele sai daqui em procissão ou em um caixão”, destacou João Franco Cappio, irmão do bispo que utilizou palavras do próprio bispo

“Ela [transposição] não vai levar água à quem mais precisa. Vai para a irrigação, produção de camarão e indústria. Isso consta no projeto escrito”, afirmou o bispo na carta intitulada ‘Ao povo do Nordeste’.

Na próxima terça-feira, o senador Teotônio Vilela informou que vai utilizar a tribuna para fazer um pronunciamento sobre o caso. E, também, nesta terça, o bispo e seus seguidores de causa planejam uma audiência com o presidente da República no intuito de impedir a concretização do projeto.

Carta do presidente

Durante a visita dos senadores, o bispo recebeu uma carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entregue pelo assessor da presidência, Selvino Reck.
Segundo o cientista social e porta-voz do religioso, Adriano dos Santos Martins, na carta o presidente Lula teria dito que o governo já está trabalhando na questão da revitalização do rio São Francisco. Depois de ler a carta, Dom Luiz escreveu à mão uma resposta ao presidente Lula, cujo conteúdo não quis divulgar.

Dom Luiz co-celebrou ontem uma missa ao lado do arcebispo de Feira de Santana, Dom Itamar Rian, que foi visitá-lo a pedido do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Dom Geraldo Majella.

Segundo o porta-voz do religioso, como a capela é pequena, a missa teve que ser campal devido à quantidade de pessoas que se aglomeravam no local, a maioria pescadores da região, além de índios das tribos truká e tumbalalá. Eles dividiram o espaço diante da capela, às margens do rio, com autoridades que foram levar apoio ao bispo, entre elas, o governador da Bahia, Paulo Souto, e os senadores Teotônio Vilela, César Borges e Heloísa Helena.

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