Sem terra enfrenta sem terra

A luta pela reforma agrária em Alagoas assumiu característica inédita entre os movimentos sociais no País; o MST, pioneiro na organização dos trabalhadores sem-terra, denunciou ontem ao ouvidor regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Marco Antônio, que está sendo ameaçado pelo MLST – e em sinal de protesto, o MST ocupou a sede do Incra em Maceió e manteve os funcionários como reféns por cerca de duas horas.

Edi Paulo, coordenador do MST, disse ao ouvidor que o pessoal do MLST ameaça invadir o acampamento na Fazenda Riachão, em Fleixeiras, disputada pelos dois movimentos. Enquanto os membros do MST se deslocavam para Maceió, as lideranças do MLST se reuniram e decidiram que iriam fechar a BR-101, a principal rodovia federal que corta o Estado. Neste momento, a direção do Incra tenta fechar o acordo prometendo agilizar em Brasília o processo de desapropriação de novas áreas no Estado.

O MOTIVO

O MST (Movimento dos Sem-Terra) foi o primeiro na organização de camponeses sem-terra para a luta pela reforma agrária; é coordenado pela Pastoral da Terra, apêndice da Igreja Católica engajado nas lutas sociais. O MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) originou-se em Pernambuco e atua na divisa com Alagoas; quase a totalidade de seus integrantes são de camponeses pernambucanos, que tentam se fixar do lado alagoano. O MLST surgiu durante a última gestão do governador Miguel Arraes e possui vários focos instalados na divisa do Litoral Norte, principalmente Maragogi.

O motivo da disputa interna, ou seja, no movimento pela reforma agrária, é o espólio da Usina Agrisa, instalada em Joaquim Gomes. A fazenda Riachão, com cerca de 1,5 mil hectares, foi ocupada por integrantes dos dois movimentos – na semana passada, eles entraram em choque e um dos componentes do MST foi ferido à bala. O coordenador Eli Paulo preveniu o ouvidor do Incra contra o pior, sustentando que os integrantes do MLST têm mandado recado para o MST desocupar a área imediatamente. Os dois acampamentos estão separados por um córrego, numa distância inferior a 200 metros.

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