Em reunião com a cúpula da Secretaria de Defesa Social, coordenadores de acampamentos do Movimento dos Sem Terra (MST) culparam o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pelos últimos confrontos entre eles e o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), ocorridos em Joaquim Gomes.
De acordo com o coordenador Edi Paulo de Oliveira, a confusão se deu porque o Incra havia pedido para que o acampamento do MST saísse do local, para que fosse agilizada o processo de desapropriação das terras em Joaquim Gomes. “Nós obedecemos. Só que o Incra não fez nada e ainda permitiu que o MLST usasse o local. Nós então resolvemos voltar”, disse o dirigente.
O MST entregou ainda uma carta ao ex-secretário de Defesa Social Robervaldo Davino, para que a Polícia Civil tomasse previdências e interviesse nos acampamentos de Pimenta, Urucuzinho e Riachão, em Joaquim Gomes. Segundo a carta, o MLST está se armando para confrontá-los. “Pessoas do MST já receberam várias ameaças. Tudo culpa do Incra”, avaliou Edi Paulo.
“Possuímos a informação de que as armas são entregues ao pessoal do acampamento deles, durante a noite. Elas são transportadas em dois carros, um Gol branco e uma Pampa”, colocou. Davino anotou as denúncias e disse que as previdências na área de segurança pública serão tomadas, para que se constate ou não a veracidade dos fatos e quem anda armando o MLST.
Além das ameaças, o coordenador do movimento explica que os sem-terra do MLST estão armando bloqueios nas estradas que dão acesso aos acampamentos, para proibir a passagem de integrantes do MST. Por ironia do destino, umas das principais reclamações do Movimento dos Sem Terra era que estavam obstruindo as estradas e com isto retirando o direito do ir e vir.
“A direção do MLST em Alagoas tem incentivado o confronto”, concluiu Edi Paulo. Os sem-terra reclamaram também da postura do Incra. “Está acontecendo ingerência política, com isto os movimentos ficam se confrontando e perdendo o foco principal: a luta contra o latifúndio. O Incra já levantou proposta de construção de casas por empreiteiras, o que pode ser usado como beneficio eleitoral para alguns”, finalizou Edi Paulo.