“De acordo com Renan, o bispo teria aceito a proposta do governo de vincular recursos do Orçamento para a revitalização do rio São Francisco no prazo de 20 anos.”
O fragmento reproduzido acima foi extraído de notícia sobre a possibilidade de haver um desfecho satisfatório para a greve de fome empreendida por dom Luiz Cappio em favor da revisão do projeto de transposição do rio São Francisco.
Do ponto de vista gramatical, o texto suscita a questão do emprego das formas abundantes dos verbos. O redator emprega a forma irregular do particípio passado do verbo “aceitar” (“aceito”) antecedida do verbo auxiliar “ter”.
De acordo com a norma culta do idioma, quando o verbo possui duplo particípio, a forma regular (sempre terminada em –ado ou –ido) acompanha os auxiliares “ter” e “haver”, formadores dos tempos compostos, e a forma irregular (em geral, uma palavra mais curta) acompanha os auxiliares “ser” e “estar”, com os quais se constroem frases na voz passiva.
Assim: “A proposta foi aceita pelo bispo” (verbo “ser”); “O bispo teria aceitado (verbo "ter") a proposta”.
Convém observar que as formas irregulares “pago”, “pego”, “ganho” e “gasto” já se usam modernamente com todos os auxiliares (“ser”, “estar”, “ter” e “haver”).
Veja, abaixo, a reformulação do texto selecionado:
De acordo com Renan, o bispo teria aceitado a proposta do governo de vincular recursos do Orçamento para a revitalização do rio São Francisco no prazo de 20 anos.