Testemunha da morte de prefeito do PT foi presa em Maceió

Uma das testemunhas-chave que poderia esclarecer o assassinato do prefeito de Santo André-SP, Celso Daniel (PT), foi presa em Maceió por acaso e transferida para São Paulo, em 2002; mas foi assassinada dentro da cadeia na presença de sua advogada. O assaltante de bancos Dionísio Severo estava de férias na Praia do Francês, onde alugou uma casa por temporada e vivia tranquilamente com a mulher.

A polícia alagoana só conseguiu descobri-lo porque o filho de Dionísio tentou assaltar uma agência do Banco do Brasil em Sergipe; perseguido, fugiu para Alagoas e foi ao encontro do pai. Com a ajuda da polícia sergipana foi possível segui-lo e chegar à casa na Praia do Francês, onde foram apreendidas armas, munição e drogas. Surpreendido, Dionísio Severo não esboçou reação; pediu apenas para poupar a esposa, que ele garantiu não ter envolvimento com crimes.

PERIGOSO

Dionísio Severo cumpria pena em São Paulo e foi resgatado de helicóptero do presídio, numa operação ousada. Foragido, ele conseguiu enganar a polícia até a prisão por acaso em Maceió; antes de vir para Alagoas, Severo participou da trama para assassinar o prefeito Celso Daniel; ele chegou a namorar a ex-mulher do empresário Sérgio Gomes ( o Sombra), o ex-motorista e segurança do prefeito que virou dono de empresa de ônibus em Santo André e é acusado de liderar a máfia de empresários que mantém negócios ilícitos com a prefeitura.

Ao ser apresentado à imprensa Dionísio confessou os assaltos em São Paulo, mas negou que tivesse atuado em Maceió; disse que veio descansar com a mulher. Quando lhe perguntaram como se sentia tendo de voltar para São Paulo, preso, Dionísio respondeu que fez de tudo para que isso não acontecesse, mas, tendo em vista que foi localizado pela polícia, iria colaborar contando a verdade sobre o assassinato do prefeito do PT.

“É bom (voltar para São Paulo) porque assim eu posso esclarecer o assassinato do Daniel (Celso, prefeito e Santo André). A versão que estão apresentando (crime comum) não é verdadeira”.

ESTRANHA

O assaltante não conseguiu ser ouvido; no dia seguinte a sua chegada em São Paulo quatro homens encapuzados, sem dúvida policiais civis disfarçados, o mataram dentro da cadeia. Dionísio conversava com a sua advogada quando os quatro homens surgiram e o fuzilaram; depois desapareceram – o crime ficou impune; nem a polícia conseguiu identificar os quatro pistoleiros nem o PT exigiu a apuração do crime.

A reação do PT, principalmente do deputado federal Luiz Eduardo Greenghall, é estranha – eles insistem na versão de crime comum.

Os irmãos do prefeito assassinado contam apenas com o apoio do Ministério Público para reabrir o caso; a família não acredita na versão de crime comum sustentada pelo PT e pela polícia paulista. Bruno Daniel, um dos irmãos de Celso, denunciou o esquema de desvio de dinheiro para o PT e disse que seu irmão sabia de tudo e concordava com a formação desse caixa de campanha; mas, quando descobriu que o esquema estava enriquecendo vários de seus assessores, entre os quais seu ex-motorista e segurança, tentou desmontar o esquema – tarde demais; a máfia tinha se infiltrado na prefeitura e não hesitou em matar Celso Daniel.

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