O Ministério da Saúde lança hoje uma campanha de prevenção a doenças crônicas não transmissíveis por meio do incentivo de hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e atividades físicas regulares.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, que lança hoje um relatório para a prevenção das doenças crônicas, o país pode perder até US$ 49,2 bilhões (cerca de R$ 111 bilhões) nos próximos dez anos por mortes prematuras.
A meta da organização é conseguir reduzir em 2% o número de mortes por doenças crônicas a cada ano até 2015. Isso significaria 36 milhões de mortes a menos em uma década, metade delas de pessoas com menos de 70 anos.
Análise profunda
O Brasil é um dos nove países escolhidos pela OMS para uma análise mais profunda no relatório. Os outros, escolhidos de acordo com seu perfil econômico e social, para fornecer um quadro amplo de exemplos, são Canadá, China, Índia, Nigéria, Paquistão, Rússia, Grã-Bretanha e Tanzânia.
Segundo o documento, diferentemente do senso comum, as mortes prematuras por doenças crônicas afetam mais os países com renda baixa ou média – 80% das mortes mundiais provocadas por esse tipo de doenças ocorrem nos países em desenvolvimento.
No Brasil, elas devem ser responsáveis neste ano por 72% de todas as mortes, ou 928 mil de um total de 1,289 milhão de mortes.
A OMS estima em US$ 3 bilhões a perda anual da economia brasileira com as mortes por doenças crônicas. Segundo o relatório, uma redução anual de 2% nesse tipo de morte nos próximos dez anos poderia levar a um ganho de US$ 4 bilhões para o país.
Se nada for feito, porém, a organização prevê um aumento de 22% nas mortes no Brasil provocadas por doenças crônicas. Somente as mortes em decorrência de diabetes podem crescer 82%, de acordo com a organização.
As perdas econômicas acumuladas em dez anos por conta das mortes provocadas por doenças crônicas podem chegar a US$ 558 bilhões na China, US$ 303 bilhões na Rússia e US$ 236 bilhões na Índia, segundo a OMS.
Prevenção
"Uma grande parte das doenças crônicas pode ser prevenida a partir de uma ação efetiva nos fatores de risco que determinam essas doenças, que são basicamente tabaco, inatividade física e principalmente alimentação inadequada", disse à BBC Brasil a médica Denise Coitinho, diretora do Departamento de Nutrição da OMS, em Genebra.
De acordo com o relatório, pelo menos 80% das mortes por doenças cardíacas, diabetes e derrames e 40% das mortes por câncer podem ser prevenidas por meio da adoção de hábitos mais saudáveis.
A organização considera que os fatores de risco para esse tipo de doenças estão aumentando, com as pessoas se alimentando cada vez mais de comidas com grandes quantidades de gordura e com o estilo de vida moderno levando as pessoas a praticar cada vez menos atividades físicas.
O número atual de pessoas obesas ou acima de seu peso normal em todo o mundo é estimado em 1 bilhão, podendo chegar a 1,5 bilhão até 2015 se nenhuma medida de prevenção for adotada.
A estimativa da OMS é de que 55% dos homens e 62% das mulheres no Brasil estão acima do peso recomendado atualmente. A projeção para 2015 é de 67% de homens e 74% das mulheres acima do peso.
O relatório indica que algumas medidas fáceis e baratas podem produzir grandes benefícios para cortar o número de mortes por doenças crônicas.
Entre as medidas propostas estão a redução do sal nas comidas industrializadas, a melhora da qualidade nas merendas escolares e o aumento da taxação do tabaco.