O jornalista Álvaro Tojal, 43 anos, morto tragicamente em acidente automobilístico por volta das 22h30, de ontem, não gostava de dirigir e, diante da insistência dos amigos para que tirasse a habilitação ele reagiu: “Não quero aprender a dirigir porque sei que posso morrer num acidente”, lembrou o jornalista Wadson Regis, um dos companheiros e parceiros de Álvaro.
A insistência dos amigos e a necessidade da vida moderna, exigindo agilidade, sobretudo para quem optou em ser um profissional da comunicação, fizeram Álvaro rever o conceito – ele aprendeu a dirigir e adquiriu um carro; na madrugada desta quarta-feira deu carona a uma amiga que morava em São Miguel dos Campos e, na volta, colidiu contra um ônibus que conduzia estudantes vindo de Maceió. O acidente foi no trevo da praia do Gunga.
Prevendo
Álvaro estava na Barra de São Miguel participando de uma festa – ele era assessor da Prefeitura – e, solidário e prestativo como era, se ofereceu para levar a amiga até São Miguel dos Campos. E assim fez; deixou-a em casa, na volta, a pista molhada traiu o reflexo e ele avançou para a pista em sentido contrário, colidindo com o ônibus. No choque violento a dianteira de seu Fiesta virou sucata; o ônibus bateu de cheio imprensando Álvaro que não teve chance alguma.
O diretor da Rádio Gazeta, Gilberto Lima, alertou para o perigo no trevo, não só pelo trânsito de veículos pesados nessa época de safra canavieira, como pela pista que se torna escorregadia nesse período de chuva. “Já vi muito acidente ali”, contou.
Mas, o relato mais surpreendente é do jornalista Warner Oliveira, outro amigo e parceiro de Álvaro Tojal. Ele lembrou que há duas semanas o amigo deixou na portaria da Rádio Difusora, um pacote com vários jornais alternativos que os dois produziram em Maceió no início da carreira profissional.
“Eu tinha feito entrevista com o Romário (jogador hoje no Vasco da Gama). Foi minha primeira entrevista de impacto e o Álvaro colocou minha foto, elogiando o meu trabalho. Há duas semanas, como se estivesse prevendo alguma coisa, ele levou os exemplares desse jornal que a gente fazia e deixou o recado: entreguem ao Warner porque lá em casa isso pode se acabar. É melhor ele guardar na casa dele”.
Álvaro Tojal era funcionário do Instituto Zumbi do Palmares e, aos domingos, trabalhava no Hoje é Dia de Praia, comandado pelo radialista Reinaldo Cavalcante, na Rádio Gazeta de Alagoas.
O corpo está sendo velado no Campo Santo Parque das Flores, em Maceió, onde será sepultado às 16h.