O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, sinalizou hoje que o governo prefere cassações, e não renúncia, de parlamentares acusados de serem beneficiados pelo suposto esquema do "mensalão". A perda dos direitos enfraqueceria a idéia de impunidade dos envolvidos, com isso a tendência seria a redução da crise e do desgaste políticos. Ele ressaltou que o governo não participa de "negociatas" em torno dos deputados petistas acusados.
"Em havendo cassações, você tem uma tendência de diminuir (a crise). Os fatos aconteceram e (as cassações) mostram que teve consequência. Assim como eu tenho uma opinião contrária a achar que a renúncia é um prêmio. Isso é um pouco de sadismo exagerado", afirmou Wagner na saída de uma reunião com o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O ministro buscou ponderar que, apesar disso, o processo de cassação ou renúncia de parlamentares tragam consequências diretas para o governo. "Alguns segmentos da oposição dão conta que o desgaste imposto ao governo e ao PT está consolidado. A tentativa de esticar isso, acaba produzindo efeito contrário: vai consolidando na opinião pública que o interesse não é investigar e punir, mas a luta política", afirmou Jaques Wagner.
Os comentários do ministro ocorrerem em um momento em que se esvai o tempo para os deputados que podem perder seus direitos políticos renunciem. O Conselho de Ética deve instalar na segunda-feira os processos contra os acusados de se beneficiarem dos recursos do empresário Marcos Valério de Souza, apontado como um dos operadores do “mensalão”. Além disso, os deputados petistas envolvidos tentam as últimas cartadas para salvar seus mandatos.
Cinco dos seis acusados, João Paulo Cunha (SP), Professor Luizinho (SP), José Mentor (SP), Paulo Rocha (PA) e Josias Gomes (BA), entraram com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a instalação dos processos pelo Conselho de Ética. "O governo não faz, não fez e não fará qualquer entendimento sobre o tema", disse Wagner. "O desgaste já está dimensionado e nós queremos que (os processo) sigam o procedimento normal. Isso é uma questão individual de cada um deles”, acrescentou.