O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na cerimônia de celebração do 60º aniversário da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em Roma, na Itália, que no Brasil não há problema de oferta de alimentos, mas de acesso aos alimentos. "A fome no Brasil é acima de tudo um problema de exclusão social. Disso posso dar testemunho porque essa dura realidade aprendi da forma mais difícil: vivendo-a", afirmou o presidente.
No discurso, Lula disse que, nesses 60 anos, o Brasil contribuiu muito com a organização. Ele elogiou e destacou o trabalho do presidente do Conselho da FAO, Josué de Castro.
O presidente comentou o desempenho dos programas sociais do país. Ele ressaltou que 7,7 milhões de famílias brasileiras já recebem a renda mínima e que até o final de 2006 serão beneficiadas todas as famílias que vivem abaixo da linha da pobreza. Além do Bolsa Família, Lula falou sobre o programa Nacional de Financiamento de Agricultura Familiar e o Fome Zero, que, segundo ele, teve crescimento de 82% em um ano.
Mas, de acordo com Lula os programas não são suficientes para resolver o problema da fome: "Não basta distribuir alimentos. É preciso que o pequeno agricultor tenha a quem vender a sua produção, pois temos sempre que ter presente que 10% do PIB no Brasil provém da agricultura familiar. É assim que estamos executando um amplo programa de reforma agrária".
O presidente disse também que nunca um governo no Brasil investiu tanto para combater a fome. "Seguiremos aumentando os recursos até que todos os brasileiros possam fazer pelo menos três refeições por dia. Este é um compromisso que eu assumi desde antes de chegar à presidência e que levarei adiante com o máximo empenho" declarou.
Lula tratou ainda da questão mundial. Para ele, é preciso concentrar esforços e reverter parte da riqueza gerada pela globalização em favor dos países mais pobres. Ele lembrou da passagem do furacão Stan, na Guatemala e ressaltou que a FAO deve estar preparada para auxiliar as vítimas e recuperar a atividade agrícola da região.
O presidente destacou ainda que a fome deve ser encarada como um problema político e não social. "Em um mundo de avanços tecnológicos e de abundância, é indigno e inaceitável que a fome ainda esteja presente na vida de milhões de homens, mulheres e crianças de tantos países" afirmou.