“Lula prega honestidade e ética na Itália ”
Esse foi o título de um texto publicado hoje na “Gazeta de Alagoas”.
Observe que a ordem dos termos escolhida pelo redator produz um efeito ambíguo. Qual seria, afinal, o objeto da pregação de Lula? Há duas possibilidades: “honestidade e ética” ou “honestidade e ética na Itália”.
A intenção de quem escreveu o texto foi certamente a primeira, mas essa convicção advém antes do conhecimento que temos do mundo (ou do “bom senso”) que da organização sintática do período. Em outras palavras, do ponto de vista gramatical, também é possível entender que o presidente brasileiro pretende estimular os italianos à prática da honestidade e da ética, o que, nos dias que correm, pode soar como indesejável ironia.
Para evitar essa segunda possibilidade de leitura, bastaria alterar a posição da expressão “na Itália”, que poderia ser recuada para o início do período ou colocada após o verbo, ao qual está sintaticamente relacionada. Assim:
Na Itália, Lula prega honestidade e ética
Lula prega, na Itália , honestidade e ética
Fazendo a alteração de posição, também é possível substituir a preposição “em”, que indica o lugar onde estava o presidente quando fez seu discurso, pela preposição “de”, que indicaria a idéia de ponto do qual o presidente profere o discurso, ou seja, o lugar de onde Lula fala ao mundo. Assim:
Da Itália, Lula prega honestidade e ética
Lula prega, da Itália, honestidade e ética