A secretaria municipal de Educação (Semed) está tornando possível a implantação da Lei 10.639, que implanta o ensino da história da África no currículo da rede oficial de ensino. Para isso, o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre a Diversidade Étnico-Racial (Neder) realizou, na noite de ontem, a palestra “As relações étnico-raciais em debate: ressignificando o fazer pedagógico”, proferida pelo professor Henrique Cunha, da Universidade Federal do Ceará (UFCE), no auditório do Senai/Poço.
Na apresentação que fez para os educadores da rede municipal de ensino, Cunha destacou que o processo de discriminação na sociedade está tão arraigado a ponto de levar ao afastamento de atividades sociais e econômicas. Dentre outros casos citados por Cunha, ele se referiu ao caso de um médico negro, cotado para assumir a direção de uma unidade hospitalar em Salvador (BA). Segundo ele, o profissional foi pressionado a não assumir o cargo. Caso contrário, ficaria sem poderes para administrar e acabou praticando suicídio.
De acordo com a coordenação do Neder, a discussão da temática do negro na sala de aula é imprescindível para o combate à discriminação racial na sociedade e o conhecimento da história africana, desconhecida pelos próprios brasileiros. O negro está diretamente ligado ao fortalecimento da economia nacional, especialmente na disseminação da cultura da cana-de-açúcar.
O ex-secretário das Minorias Étnicas, Zezito Araújo, integrante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), anunciou seu interesse em permanecer debatendo a questão do negro na sociedade. Ele destacou que sua substituição na pasta atende apenas a uma arrumação política, mas não representa um distanciamento da problemática.