O funcionário do Detran, Sebastião Pereira dos Santos, 65 anos, admite que é homem marcado para morrer. Pai de Carlos Roberto Rocha Santos, Beto, sequestrado e morto em 12 de agosto do ano passado, ele atribui o crime ao “bando comandado pelo deputado estadual Luiz Pedro (PTB)”, afirma. Por causa de sua coragem em denunciar, ele sabe que vai ser assassinado.
“Mas vão matar um pai de família e homem de bem que está lutando por justiça. Jamais recuarei um milímetro e vou até o fim para que o crime do meu filho não fique impune”, afirma, atribuindo ao deputado a responsabilidade por qualquer coisa que venha acontecer contra sua vida. “Digo que ele é um homem violento e descontrolado”, dispara.
O drama da família começou quando o filho foi sequestrado por um grupo de homens que trabalha para Luiz Pedro. O reconhecimento foi feito pela esposa da vítima – cujo corpo nunca foi encontrado –, Alessandra Cristina da Silva Costa, que há dois meses foi incluída no Programa de Proteção a Testemunha, do governo federal e vive hoje com os dois filhos em outro estado.
Usuário de maconha, Beto morava numa casa construída num terreno supostamente pertencente ao deputado, que ficou conhecido por construir conjunto habitacionais para famílias pobres da periferia. A vítima teria tido desentendimentos com “assessores” de Luiz Pedro e, por isso, teria sido assassinado.
Acusados
No dia 12 de agosto de 2004, foi arrancado de dentro de casa na presença da sua esposa, que reconheceu todos os participantes do sequestro. A Justiça decretou a prisão preventiva de todos eles, que são o soldado PM Naelson Osmar Vasconcelos e os “assessores” Adezio Rodrigues Nogueira, Laércio Pereira de Barros, Valter Paulo dos Santos, Rogério de Menezes Vasconcelos, Cícero Pedro dos Santos e Leoni Lima.
“Foi esse pessoal do Luiz Pedro que sequestrou e matou meu filho, que tinha o seu vício mas era um menino bom e querido por todos”, comenta o pai atualmente está afastado trabalho desde dezembro do ano passado. A família pede aos assassinos do filho que digam onde enterraram o corpo para que possa fazer o enterro de Beto.
Segundo seu Sebastião, que hoje vive confinado em casa, o deputado “chegou ao cúmulo de inventar que eu teria procurado um capanga dele para dar um sumiço no meu filho. “Estou com 65 anos e sempre soube administrar os problemas da minha vida”, afirma ele, acusando ainda o deputado de querer denegrir a sua imagem ao dizer que eu estava interessado em matar o próprio filho.
Ele diz ainda que José Milton Lima – que na versão de Luiz Pedro teria falado da intenção do pai em querer dar “sumiço” ao filho – negou tudo em seu depoimento à Justiça, desmentindo o parlamentar. “Não tenho nenhuma dúvida que ele (o deputado) comandou tudo. Agora, quando ele for ser ouvido espero que conte toda a verdade sobre a morte do meu filho”, conclui.