Há dezenas de argumentos para votar SIM! Do ponto de vista cristão e do direito constitucional, o cidadão tem, indubitavelmente, dois argumentos fundamentais definir a sua opção: primeiro, o princípio evangélico de Jesus Cristo, “eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10). Ora, se acreditamos na vida, isto já é mais que suficiente para dizer não à comercialização das armas. Seguindo esta lógica, a Constituição Federal do Brasil não dá a nenhum cidadão o direito de utilizar uma arma, exceto no caso dos profissionais formalmente habilitados e treinados pelo Estado para garantir a segurança pública.
É falacioso o argumento daqueles que partem da constatação de que o Estado não garante, na prática, a segurança da população, pelo fato do meliante se encontrar armado praticando o roubo e matando, enquanto que o cidadão fica a mercê da própria sorte. Ora, na antigüidade, um grupo de filósofos denominados de Sofistas defendiam a construção do raciocínio lógico. Ou seja, tomando como exemplo, argumentavam da seguinte maneira: “todo homem é animal; todo cavalo é animal; portanto, todo homem é cavalo”.
No caso do referendo, seria mais ou menos assim: o Estado tem o dever de garantir a segurança da população; na prática, o Estado não cumpre o seu papel constitucional; portanto, o cidadão garante, por conta própria, a sua segurança. As premissas são verdadeiras, mas as conclusões são falsas! É o caso daqueles que defendem a comercialização das armas, em vista do não cumprimento do Estado quanto ao seu papel de garantir a segurança do cidadão. Esse seria o caminho aparentemente mais fácil e mais rápido: cada pessoa compra a sua arma e faz a sua segurança. Mas não é o caminho seguro!
Na prática, o cidadão médio não usa arma. Portanto, quem vai continuar utilizando-se delas? Aqueles que sempre tiveram o poder político e econômico no Brasil, como expressão de força, e os bandidos! Ao cidadão cabe não se igualar ao meliante, mas organizar-se para construir uma sociedade que se fundamenta na justiça social e que acaba com a concentração de renda.
Nesse contexto, deve-se perguntar qual sociedade queremos: uma civilização democrática ou uma barbárie? Ao invés do cidadão querer substituir a ação do Estado, o seu papel é cobrar que este cumpra com o seu papel. É mais demorado? Exige mais trabalho? Sim! Mas, com absoluta certeza, é o caminho seguro e correto para o cristão e o cidadão que lutam pela realização de uma sociedade democrática e justa.
Por isso, vamos todos votar “Sim”!