Tourinho identifica prática reiterada de compra de votos

O sub-relator de Movimentação Financeira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Mensalão, senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), disse que o mensalão existiu, foi pago e que negar o fato seria confundir a opinião pública.

– Não quero dizer que uma mesma quantia foi paga a cada mês, mas afirmo que recursos foram distribuídos em várias parcelas, para comprar fidelidade de deputados aos interesses do governo, em várias votações importantes. Quem nega isso quer confundir a opinião pública e encobrir culpados – garantiu o senador.

Tourinho não concorda com a avaliação do governo de que "tudo não passou de caixa dois". Para o senador, houve muito superfaturamento em contratos de empresas e órgãos públicos – prática que transferiu "excedente" para as empresas de Marcos Valério, a fim de "irrigar tanto o caixa dois quanto a compra de votos".

Exterior
Em entrevista exclusiva à Agência Senado, Rodolpho Tourinho lembrou ainda que as declarações do publicitário Duda Mendonça, sobre recebimento de pagamento no exterior, deu às CPIs a certeza de que "há muita coisa lá fora".

A CPI dos Correios decidiu enviar dois integrantes a Nova York para conhecer a documentação relativa à movimentação bancária de Duda e a CPI do Mensalão já solicitou ao presidente do Senado, Renan Calheiros, acesso aos documentos sigilosos coletados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Banestado, em 2003, que estão guardados numa sala lacrada no Senado.

– Com a contratação das empresas de auditoria Moore Stephens e Villas Rodil, que dispõem de escritórios no exterior, as duas CPIs vão investigar as fontes externas do esquema Marcos Valério – diz Tourinho.

As prioridades, de acordo com o senador, são as identificações de doações de países e sindicatos no exterior, de caixa dois de empresas brasileiras no exterior, bem como de instituições públicas com carteira de aplicações em países estrangeiros. Ele lembra que grande parte dos recursos ilícitos foram parar no esquema da corrupção, via contas CC-5 ou atuação de doleiros.

Com esses novos desdobramentos e o trabalho mais estreito entre as duas CPIs, será possível identificar o real montante dos recursos movimentados pelo esquema do empresário Marcos Valério. Rodolpho Tourinho acredita que o total de recursos pode ser bem maior do que os valores identificados até hoje e pode também envolver outros beneficiários. As dificuldades de rastrear o percurso do esquema, segundo o senador, se deve ao fato de os operadores do sistema terem optado por usar dinheiro vivo, ao invés de usarem o sistema bancário.

Para ele, a acareação entre Marcos Valério, Delúbio Soares e algumas pessoas identificadas como tendo sacado dinheiro das contas do empresário pode revelar fatos novos. A confrontação será na reunião da CPI do Mensalão na próxima quinta-feira (27).

Para Tourinho, essa fase final das CPIs será bem proveitosa e pode apresentar surpresas, uma vez que os documentos recebidos, já sistematizados por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), Banco do Brasil, Banco Central, Senado Federal e Caixa Econômica Federal (CEF), agora serão analisados por empresas de auditoria internacional.

Fonte: Agência Senado

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