O deputado Zé Dirceu (PT-SP) será cassado se, e somente se, a imprensa não esquecê-lo; se ele deixar de ser pauta da mídia, livra-se da cassação. Isto não se dá pelo fato de ser inocente; pelo contrário, tudo o que o PT fez de bom ou de ruim seguiu a determinação de Zé Dirceu, que não é só arrogante e prepotente – é também inteligente; tem consigo um “dossiê” arrasador elaborado com base na CPI do Banestado.
Este “dossiê” é o escudo de Zé Dirceu; se o documento vier a público será necessário se proclamar outra República – os poderes constituídos desmoronarão.Somente assim se explica o fato do deputado petista ser duro na queda; talvez explique também a decisão judicial de mandar retirar do processo de cassação as provas materiais contra ele. No sei se é inédito, mas, com certeza, é inusitado; a eliminação de provas interessa exclusivamente ao réu.
Vimos antes os hábeas-corpus preventivos garantido o “direito” ao acusado de mentir – e não apenas de permanecer calado, em nome do princípio jurídico segundo o qual ninguém pode constituir provas contra si. Este princípio elementar deve ser muito mais uma questão de foro íntimo, do que da lei; o réu tem o direito de não se condenar, mas deve ter o direito de faltar com a verdade, falsear seu depoimento, ou seja, mentir acintosamente.
Surge agora, no rastro dos escândalos, a denúncia de que o PT recebeu dinheiro de Cuba para a campanha de Lula à presidência da República. O governo cubano se apressou em negar a matéria publicada na Revista Veja e deve ter razão em parte; o dinheiro, na verdade, era do PT e como a procedência era ilegal, apenas passeou por Havana para tentar a legalidade; pior seria se o PT depositasse o dinheiro do seu caixa-dois nas Ilhas Cayman ou em outro paraíso fiscal.
Mas, não se iludam; apesar de toda a sujeira, o deputado petista tem o coringa na mão. Zé Dirceu é soda, seu Fócrates.