O Conselho de Ética aprovou, por unanimidade, o parecer do relator Benedito de Lira (PP-AL), que pede o arquivamento do processo contra o parlamentar Sandro Mabel (PL-GO) por falta de provas. Agora, o processo seguirá para votação no plenário da Câmara.
Muito emocionado e chorando, Mabel disse que foram 150 dias de aflição. "Eu não desejo isso para ninguém. É muito difícil. Antes, eu andava de peito aberto, agora tive que baixar a cabeça. Podia ser governador do meu Estado pelo trabalho que já fiz. Acabou esta minha chance. Isto não importa. O que importa agora é este resgate."
O deputado responde a processo por quebra de decoro parlamentar devido a uma representação movida pelo PTB. O partido alegou que Mabel era o responsável pela distribuição dos recursos do "mensalão" entre os integrantes do PL.
Ele é acusado também de ter oferecido R$ 1 milhão de "luvas" mais R$ 30 mil mensais para que a deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) fosse para o PL.
"Não estou dizendo que ele é inocente. Apenas peço o arquivamento por falta de provas. Não digo que a deputada Raquel Teixeira mentiu, digo apenas que provas não foram apresentadas. A deputada depôs na condição de testemunha e não de acusadora. Acusador é o PTB e nós não encontramos provas das acusações", afirmou Lira.
O relator diz que adotou o princípio da presunção da inocência em seu parecer, já que o PTB não apresentou "prova cabal do recebimento de vantagens espúrias ou do hipotético convite indecoroso à deputada Raquel Teixeira", conforme escreveu em seu parecer.
Mabel afirmou que nunca teve dúvidas de que sua inocência seria demonstrada. "Sempre neguei ter feito proposta financeira à deputada Raquel Teixeira. O convite feito nada teve de imoral ou ilegal."
"Quando soube da denúncia da deputada Raquel, reagi prontamente e procurei a deputada. Ela me disse que tudo não passou de um mal-entendido. Continuamos a conviver e ela chegou a me pedir favores pessoais", declarou Mabel.
Em sua defesa, o deputado ainda mencionou que tentou ajudar o Conselho de Ética em tudo que foi possível. "Não tentei manobras para retardar os trabalhos, apesar de legítimas quando a pessoa pode fazê-las, mas eu não fiz. Minha inocência será reconhecida e a verdade dos fatos será revelada", disse ele.
Renúncia, absolvição e cassação
Quase seis meses após o início do escândalo do "mensalão", o processo de Sandro Mabel é o segundo a ter um desfecho no Conselho de Ética.
As CPIs dos Correios e do Mensalão prepararam um relatório com o nome de 18 parlamentares sob suspeita de algum envolvimento com o escândalo. Desses 18 deputados, um total de 14 já sofrem processo por quebra de decoro no Conselho de Ética, um já foi cassado (Roberto Jefferson) e outros três renunciaram (Carlos Rodrigues, José Borba e Paulo Rocha).
Segundo analistas políticos, o deputado José Dirceu é um forte candidato a ser cassado e luta com todas as suas forças e recursos jurídicos para barrar seu processo. Já Mabel é o primeiro a indicar algum desfecho favorável, que ainda precisa ser confirmado no plenário na Casa.