O assassinato do prefeito de Santo André-SP, Celso Daniel (PT), custou R$ 1 milhão. A confirmação do valor desmente o inquérito policial que concluiu por crime comum – o prefeito teria sido vítima de seqüestro seguido de morte, de acordo com a versão falsa da policia.
O dinheiro foi pago ao assaltante de bancos Dionísio Aquino Severo, que contratou os pistoleiros.
Dionísio, uma das sete testemunhas assassinadas em São Paulo, foi preso em Maceió; com o dinheiro do crime ele alugou uma casa por temporada na Praia do Francês e pretendia ficar em Alagoas por três meses, conforme confidenciou o filho dele, Rodrigo Tadeu Stefanov Severo, que cumpre pena em Sergipe por assalto – ele tentou assaltar uma agência do Banco Itau, em Aracaju.
Dionísio prometeu contar a verdade sobre o crime, mas, quando foi transferido para São Paulo, acabou assassinado dentro do presídio – foi a terceira testemunha a ser executada; hoje já são sete.
TEM MEDO
Dionísio Severo estava preso em Guarulhos-SP e foi resgatado de helicóptero numa operação ousada – a aeronave aterrissou no pátio do presídio durante o banho de sol.
Amigo de Sérgio Gomes, o “Sombra”, principal suspeito de ser o mandante da morte do prefeito, Dionísio foi encarregado de contratar o crime.
Segundo ele contou ao filho e comparsa, ficou com R$ 500 mil e o restante foi pago aos pistoleiros e a uma autoridade paulista para que ela sustentasse a versão mentirosa do seqüestro seguido de morte.
“Meu pai se tornou amante da ex-mulher do Sombra (Sergio Gomes)”, contou Rodrigo.
Sérgio Gomes era motorista do prefeito Celso Daniel, depois se tornou chefe de segurança e, mais tarde, empresário – hoje é dono de empresa de ônibus na região do ABC paulista.
O prefeito foi assassinado porque tentou acabar com o esquema de corrupção na prefeitura; Dionísio Severo chegou a dizer que o prefeito “sabia de tudo”, ou seja, da corrupção, mas aceitava diante do argumento de que o dinheiro era para fazer o caixa do PT.
“Quando ele soube que o Sombra e outros assessores estavam embolsando parte do dinheiro, reagiu e tentou desmontar o esquema”, contou o assaltante quando esteve preso em Maceió.
O filho de Severo teme ser assassinado. O medo de morrer faz sentido, pois até agora todas as testemunhas-chaves do crime, inclusive o médico que atestou as torturas contra Celso Daniel, estão mortas.
“O prefeito foi torturado para contar onde havia deixado o dossiê e as provas contra os assessores e membros do PT envolvidos no esquema de corrupção. Depois que ele contou, foi morto”, de acordo com a versão dada por Rodrigo – ele hoje não quer mais falar sobre o assunto; nem a polícia paulista mostrou interesse em ouvi-lo.