A declaração final da 4ª Cúpula das Américas não trouxe acordo sobre o tema mais polêmico do encontro: as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Todos os outros pontos foram consenso entre os 33 países participantes da Cúpula. "Você tem que procurar um denominador comum, que exclui quase tudo. Então, você tem só uma declaração de paz e amor muito morna e muito inócua", avalia o cientista político David Fleischer.
Os Estados Unidos e o México queriam fixar data para o primeiro semestre do próximo ano para retomar as negociações da Alca, paralisadas desde o ano passado. Os países do Mercosul, incluindo o Brasil, preferiram aguardar a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) no próximo mês, em Hong Kong.
As duas posições – a defendida pelo Mercosul e Venezuela e a favorável à Alca defendida pelos outros 29 países – foram incluídas na declaração final do encontro. "Isso significa que o desacordo continua, como já continuou ao longo dos últimos três anos. Os países não fizeram os deveres de casa", afirma Fleischer.
Na falta de acordo, o presidente do México Vicente Fox chegou a sugerir, na sexta-feira (4), que a Alca fosse criada sem a participação dos países do Mercosul e a Venezuela. "O presidente Fox deu uma tacada muito forte em cima do Brasil e do Mercosul", disse Fleischer.
No dia seguinte, Fox mudou o discurso, manifestou desejo de ingressar no Mercosul até meados do ano que vem e afirmou haver uma relação de amor entre a Alca e o Mercosul.
Ao todo, a declaração de Mar del Plata tem 76 parágrafos. Os países reafirmaram a necessidade de criar condições de trabalho dignas como forma de reduzir a pobreza nos países da América. O documento também prevê a ampliação do acesso à educação e o incentivo à inclusão de jovens no mercado de trabalho.
Entre as propostas para a criação de trabalho decente estão o incentivo a políticas fiscais como forma de crescimento econômico e geração de emprego; à criação de novas empresas e ao setor rural.